sábado, fevereiro 16, 2008

Mal me quer. Arquivo 07























" A barra do amor é que ele é meio ermo. A barra da morte é que ela não tem meio -termo"


Mal me quer


Acordou e lembrou dele. Todos os dias é o mesmo: primeiro pensa no dia da semana, se tem algum compromisso pela manhã; em seguida lembra dele. Mas hoje foi diferente. Sonhou que ele chegava com flores, vinha enlaçando um buquê meio desmontado. Parecia cansado, havia se perdido. Há horas vagava pelas ruas. Ao entregar as flores, sorriu tímido e disse algo que ela não lembra, uma desculpa pelas flores quase murchas.
Lembrou que era seu aniversário. Quem sabe ele não mandaria flores...
Almoçou com uma colega, depois foi para casa. Depilou as pernas com cera, pintou os cabelos, tomou um banho mais demorado. Perfumou-se. Não vestiu nada especial, sabia que ficaria só, vestiu um short e um soutien confortável.
Os olhos na TV, sem prestar atenção. O interfone tocou, acreditou ter acertado, seriam as flores. Não, enganou-se, era o porteiro perguntando se a vizinha poderia usar sua garagem. Disse que sim, depois pensou que não devia ter deixado, sentia- se amarga.
Dormiu ali no sofá, acreditando que em algum momento algo aconteceria.
Amanheceu dolorida.
Não sonhou com ele nesta noite, nem em noite alguma mais.

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