segunda-feira, julho 24, 2006

Os filmes da minha vida. Seriam estes?
















John Gavin*

O 'Café filosófico' com a Daniela Thomas ontem foi ótimo, ela é super simpática, tem humor é inteligente-eu já sabia.

Contardo estava mais à vontade também, devem ser amigos, foi muito gostoso de se ver.

Daniela fala dos filmes que fizeram parte da vida dela- que mais tarde viu que tinham a ver com a história que construía de vida- citou 'My fair lady', 'Nosferatu', Navio fantasma', 'Dr Jivago', 'Casablanca'.

Interessante quando ela pensa sobre o impacto que teve o cinema no psiquismo das pessoas, nos leitores dos livros, o cinema mostra o personagem com fisionomia, projeta na tela aquilo que imaginamos lendo, há uma 'projeção' , projetamos nos personagens, no teatro o ator está ali, sente o mal estar, a receptividade dos espectadores, pode reagir, se quiser, parar a peça, no cinema, não, tudo se passa dentro de nós. Nos identificamos com os personagens, saímos dali transtornados muitas vezes, mexidos, levamos horas para voltar ao normal- assim com num sonho noturno forte.

Daniela fala dela, do jogar-se na vida meio suicida, no escuro, dos medos todos que passou e sobreviveu na relação com Thomas, futuro obscuro, ai diz que saiu melhor que ele da relação-sacanagem com Thomas:) eu o teria poupado, sei lá...ela realmente cresceu muito com ele e levantou vôo. Atualmente está com outro amor mais claro, luminoso.

"Amamos o mistério, é o que excita, estar perto do abismo, da morte” , ela diz, concordo.

O cinema construiu nossa forma de amar, como diz o Contardo, no gestual- aprendemos a fumar com Humphrey Bogard-a pegar a amante nos braços- as expressões amorosas foram ensinadas pelo cinema, o olhar, o tempo.

No cinema vimos que é possível amar mais de uma pessoa- Daniela diz que vem de uma família de mulheres cornudas e homens que sofrem de priapismo( será que eu ouvi bem?) Que passou a entender melhor o pai depois de alguns filmes( Jivago). Bom o pai dela jurava que nunca broxou :) e ficou casado a vida toda com a mesma mulher numa época em que havia uma liberdade sexual enorme, afinal eles viviam ali na zona sul do Rio onde tudo acontecia, Ziraldo era do 'Pasquim', imaginem...mas nunca se sabe o que se passa com um casal, eu sempre digo isto. Mas Ziraldo é mineiro e eu sou muito cabreira com mineiros- comem quieto, sempre. O meu ex é mineiro, mas não comia quieto, era escancarado. :)mas era preconceituoso, com Drummond também era, não perguntem por que senão não saio daqui hoje. Já fiz post falando disto.

Bom, ai eu fui deitar e fiquei pensando nos filmes que me marcaram, me delinearam, ai ai os faroestes americanos foram os filmes que eu mais vi em menina e adolescente, eu ia com meu pai e meus irmãos ver num salão paroquial toda semana mais de um filminho daqueles vagabundos americanos, eu adorava, imaginem, ia só com o pai de mãos dadas, minha mãe, intelectualizada como era, não ia :) Shane indo embora, a briga e os cavalos, são imagens inesquecíveis.

Depois foram os filmes de Chaplin, também com o pai, ele adorava o Chaplin, tinha algo chapliniano, se comovia à toa, tinha um olhar para as crianças meio 'O vagabundo', se identificava com as crianças, eu acho, foi muito pobre quando criança, envelheceu se comovendo com crianças e animais, era exagerado nisto, parava para ver as crianças na rua, os bichinhos, gostava de animais de pelúcia, tinha no quarto depois de velho, era triste e engraçado ver isto, adorava estes bichinhos de pelúcia, achava lindos, tinha quase 90 anos, morreu aos 91.

Eu aprendi a amar platonicamente com Chaplin, pensei ontem, ou com meu pai?



Luzes da Ribalta

de Charle Chaplin.

Ouça aqui
com Maria Bethânia



Vidas que se acabam a sorrir
Luzes que se apagam, nada mais
É sonhar em vão tentar aos outros iludir
Se o que se foi pra nós
Não voltará jamais
Para que chorar o que passou
Lamentar perdidas ilusões
Se o ideal que sempre nos acalentou
Renascerá em outros corações...



Eu choro quando ouço esta música, pode?



Depois aos 16, por ai, eu vi um filme com John Gavin onde ele tinha uma amante, eu me apaixonei por ele, andava com uma foto dele no meio dos livros da escola, colocava em cima da carteira, lembro bem, uma foto em preto e branco, devo ter no meio das fotos, ele era lindoooooooo. Vi que é possível amar mais de uma pessoa, eu achava que este filme era “Suave é a noite”, mas não sei não achei nada, ele era amante de uma mulher que eu acho que era a Vera Miles, só me interessava ele.

Outro filme que mexeu muito comigo e me comove quando vejo é “Tarde Demais Para Esquecer”('An Affair To Remember'), o encontro que não acontece, ou é adiado ai ai, a música é linda, me lembra uma cena quando eu saia do apartamento do meu primeiro namorado, eu enamoradíssima, e ele terminou comigo, era tarde demais para esquecer, levei dois anos obsessivamente apaixonada, até encontrar um sósia de Robert Redford com quem tive um caso e esqueci o outro. Também, o homem era lindo e um doce, amoroso, não rolou mais, era mergulhador, fazia caça submarina, completamente diferente de mim.

Depois vieram “Casablanca”, ”Jules e Jim” que já falei aqui, os filmes de Bergman, aquela solidão, aquela tristeza, “Cenas de um casamento” foi o filme em que mais chorei até hoje, chorei o filme todo, e olhe que eu tinha uns 20 e poucos anos quando vi, pode? Me identifiquei com o casal em separação.

"Último tango em Paris” um dos meus preferidos é sobre solidão e morte. “Morte em Veneza", maravilhoso, sobre amor impossível e morte, e ai vai.

“Noites de Cabíria” não podia deixar de ser, a personagem de Giulietta Masina comovente, é de doer.

Bom, foram filmes de amores platônicos, impossíveis, adiados, amores com conflito, mais de um amor. Neste mosaico só poderia dar numa figura como eu, sempre em busca de um amor maior, pleno, de um encontro outro, impossível, imaginário.
ai ai chega de alugar vocês com estas minhas viagens.

O programa foi bom, me fez lembrar deste caminho todo, aposto como esqueci algum filme super importante para mim, Freud explica. "Dodeskaden" de Kurosawa eu adorei, vi 7 vezes, me identificava com o personagem que deu o título, quem viu vai saber, ele era desiquilibrado, sonhava em ser uma locomotiva, andava num trilho imaginário dizendo:"Do des ka den" todo filme me comove,nem é o melhor do cineasta japonês, meu preferido, mas eu adorei este filme, por que? ainda não pensei sobre isto, só agora rapidamente. Este programa mexeu comigo, valeu uma sessão de psicanálise :)
fiquei pensando nisto, nos filmes.

Meus atores preferidos foram Gary Cooper, Humphey Bogard, John Gavin, Marlon Brando, Mastroiani, Ives Montand, Jean-Louis Trintignant e outros. Adorava Audrey e Catherina Hepburn, Grace Kelly, Sofia Loren, G. Masina, Liv Ullmann, Ingrid Bergman, tantas outras. Não gostava de Bardot, nem de Marilyn, nem morro de amores por C. Deneuve, Gosto de um rosto como Anne Bancroft, Anna Mangnani, Ava Gardner, todas Anas :) chega fico aqui nas mais antigas.

* O John Gavin virou senador, depois perdi de vista :)

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