segunda-feira, abril 24, 2006

O meu coração ateu quase acreditou...





















Sei lá, estou me sentindo estranha e triste estes dias, sinto que há um grande equívoco, que é tudo uma grande ilusão, tudo virtual demais, falta pé.
Eu vivi muitos anos no mesmo lugar, conhecia aquele território- Ipanema- com a palma da minha mão, tinha meu consultório há muitos anos no mesmo prédio- mudei de sala, mas continuei ali- tinha amigos- minha secretária é grande amiga- os mesmos vizinhos há anos, tinha meus amores, agora tudo é novo, os amigos mais presentes são os virtuais, os amores... amores? existem ainda?
'ne pas possible'...
Começo a me relacionar aqui com algumas pessoas, gosto de My, muito, de Jo, a italiana, sinto que há muito afeto entre nós, me faz bem. Jo sofreu um acidente, foi atropelada, está bem, mas quebrou costelas, precisou se operar, tem dores fortes, estive com ela, fiquei fazendo companhia, tive prazer em poder cuidar dela um pouquinho, acabei indo numa reunião de budistas, é tudo tão novo, fico observando as moças, as pessoas, eu sou tão desconfiada, eu não tenho fé em nada.
Hoje sinto falta disto- fé.


Esta música é linda e pouco conhecida, você conhece Sueli Costa?
tem lindas composições.



Coração Ateu


Ouça com Bethânia aqui


Sueli Costa

O meu coração ateu quase acreditou
Na sua mão que não passou de um leve adeus
Breve pássaro pousado em minha mão
Bateu asas e voou
Meu coração por certo tempo passeou
Na madrugada procurando um jardim
Flor amarela, flor de uma longa espera
Logo meu coração ateu
Se falo em mim e não em ti
É que nesse momento
Já me despedi
Meu coração ateu
Não chora e não lembra
Parte e vai-se embora.


Esta é linda também , mas não achei para colocar aqui, Bethânia canta.

Amor amor


(Sueli Costa e Cacaso)

Quando o mar
Quando o mar tem mais segredo
Não é quando ele se agita
Nem é quando é tempestade
Nem é quando é ventania
Quando o mar tem mais segredo
É quando é calmaria

Quando o amor
Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Nem é quando ele se ausenta
Nem quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
É quando ele é sincero



"Pois nós somos como troncos de árvore na neve. Temos a impressão de que assentam sobre ela, e que com um pequeno empurrão seríamos capazes de os deslocar. Não, não somos capazes, porque eles estão firmemente presos à terra. Mas - quem diria? - até isso é ilusório."

Franz Kafka (1883-1924), in "Parábolas e Fragmentos"*

*Achei aqui,
mas por coincidência havia encontrado este livro outro dia na estante, aqueles livros que eu comprei em feiras nas praças do Rio, são textos curtos de Kafka, do jovem escritor. Muito bom, recomendo.
Ah! e ontem foi Dia Mundial do Livro, devia ter falado deste objeto que eu amo, adoro um livro, cheirar novinho, tocá-lo, abrir com cuidado, ler, viajar através do outro...Morro de ciúmes dos meus livros. Ontem peguei com minha mãe- que lê o dia todo- um livro de Fellini, desconfio que já li há anos, não lembro, vou reler, depois eu conto.

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