terça-feira, novembro 29, 2005

Mini conto












Michal Zaborowski



O telefonema

O telefone soa e quebra o silêncio de dias.
Choveu sem parar, chuva fina com vento frio. Nem jornal foi comprar. Permaneceu em casa com o cachorro. Quanto mais fica só, mais quer ficar.
Quem seria no telefone? Desejou não atender.
- É Paulo, Paulo. Não me reconhece mais?
Levou uns segundos para identificar a voz. Não se comoveu desta vez.
Ele recebeu sua carta contando da mãe.
- Sabe que gosto de você...
- Mas casou com outras, não comigo.
- Você não me quis...
Mentira, ela pensou:
- Você estava envolvido com outra mulher.
- Nem me lembre, vivi um inferno.
(...)
- Você está casado?
- Estou, mas com outra.
Desligou e ficou jogada no sofá. Ele esteve na cidade e nem veio vê-la.
Não deu tempo, foi só um dia, eu dependia de outros, ele repetiu duas vezes.
Mentira, se quisesse viria.
Talvez minta para si mesmo.

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