domingo, setembro 11, 2005

Um telefonema, uma surpresa e sonhos.














Ontem dez da noite quando fechava a varanda para ir dar uma lida antes de dormir o telefone tocou, do outro lado uma voz tímida: ”É a Eva, Laura, está tarde? Estou te incomodando?”
Eva é uma moça que outro dia me mandou um email dizendo que lê tudo que eu escrevo que gosta muito de mim, mas tem vergonha de comentar lá.
Depois chegou outro email perguntando se podia me mandar uns postais da cidade que mora fora do Brasil, o terceiro perguntava se podia ligar. Respondi que sim.
Conversamos uns 40’, ficamos amigas, é interessante este tipo de contato imediato que o mundo virtual facilita. Ela me disse que ligou porque ficou preocupada comigo porque ando triste. Isto é interessante, eu devo tocá-la, muito. E qual não foi minha surpresa na sua última frase, quando eu disse que podia ligar quando precisasse e ela respondeu que eu também e que eu fique à vontade de precisar de grana, qualquer coisa. Confesso a vocês que foi a primeira vez que eu ouvi isto na minha vida, nunca ninguém se colocou disponível desta forma para mim, talvez por eu passar algo de alguém que se vira sozinha, quem sabe?
Eva me fez muito bem.
Agora quase acordando sonhei com uma amiga que foi minha amiga inseparável enquanto fiz ao curso na Sociedade de Psicanálise, mas que depois se afastou muito, P. é uma pessoa de quem eu gosto muito, admiro como mulher e profissional, indicávamos clientes uma para a outra, nos falávamos diariamente, tínhamos muito assunto, quando eu resolvi morar em Cabo Frio ela disse que eu não fosse que não ia ser bom, eu fui, foi péssimo acabei aqui em Natal. Esta noite sonhei que como estava na frente do consultório dela, numa Vila em Botafogo, eu entrava e perguntava para a secretária se ela estava livre, a moça respondia que ela já estava acabando de atender, ai ela vinha e me abraçava toda dura, mas comovida, chorando e eu também.
Tive um sonho com meu pai muito velhinho nesta noite também, que ele estava sentado num sofá e eu o beijava e dizia que estava tão bonito, tão branquinho- os cabelos eram mais brancos do que os de meu pai na realidade- eu dava um beijo na testa dele, então ele dizia que ia pegar o ursinho de pelúcia para me dar, que ia mandar consertar. Quando se movia estava sujo e eu e uma tia, a irmã dele mais velha, dizia que precisávamos limpá-lo.
Incrível os sonhos.
Eva de alguma forma me lembrou a P., talvez o afeto que me passou.
Fernando, um amigo querido é médico e foi meu homeopata em Cabo Frio, era a única pessoa em quem confiava, contava minhas histórias só para ele, neste sábado ele me avisou que fez um blog, estive lá mais de uma vez. Fernando tinha consultório na mesma Vila de P. em Botafogo.
Dia 9 fez um ano da morte do meu pai, dia 01 de agosto foi aniversário dele, faria 92 anos. Escrevi sobre ele no dia 02, eu acho. Esta tia, Amélia, era muito querida morreu há muitoooos anos, foi a segunda tia que perdi.
Quando eu era menina mais crescidinha minha mãe jogou fora um urso que eu adorava, era grande e marron, peludinho, ela disse que estava velho, lembro até hoje, estava guardado num armário que ficava embaixo da escada que subia para o segundo andar.
Gostei de ter falado com Eva, gostei de ter sonhado com P. -quem sabe não ligo hoje para ela?
Gostei de ver meu pai pensando em me dar algo significativo no sonho, meu pai era um homem seco, não sabia dar presentes, mas era ao mesmo tempo sensível e passava amor, parece contraditório, mas não é, ele foi criado pela mãe portuguesa e fria, mas era muito sensível, se emocionava à toa, nunca me deixou em apertos enquanto esteve vivo, eu sabia que era difícil chegar e pedir, ele fazia cara feia, mas sempre me ajudou, sempre, sinto falta disto, incrível a gente envelhece e ainda procura o colo do pai.

Esta foto é para Eva por ela existir e ser tão generosa, é um broto de Lotus, espero que nossa amizade cresça. Eva é um nome ficticio, eu não exporia a moça assim.

Bom domingo para vocês.

Acrescentado às duas e meia da tarde:

Liguei para P.e contei o sonho, ela disse que lembrei dela porque sua mãe está morrendo de câncer. Conversamos como nos velhos tempos, combinamos de nos falar aos domingos que é mais barato- ela mora no Rio, eu em Natal.
Fico feliz por Eva ter me levado a este gesto, eu adiava a ligação. Bom, por estas coisas vale a vida. Não acham?

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