quarta-feira, julho 13, 2005

Paixões






Enamorados Posted by Picasa

Estive estes dias falando de loucura, hoje acordei sem saber em que falaria e pensei em outra forma de loucura que é a paixão. Não quero repetir o que já disse uma vez aqui sobre estar apaixonado - “Encontros e desencontros amorosos” está aqui.

Quero comentar um livro que comprei e não li todo ainda, ando tão zonza que nem ler quero. Chama-se “Paixão” é de Rosa Montero. A capa é "seõxiap" como se vê no espelho, paixões são sempre especulares, não é? É da Ed. Ediouro. Fiquei curiosa, conta as histórias de vários famosos, como o romance entre o pintor Amedeo Modigliani e a Jeanne Hébuterne, o platonismo de Lewis Carroll por Alice Lidell, os amores de Cleópatra e Marco Antônio, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine, John Lennon e Yoko Ono, Líllian Hellman e Dashiell Hammett e muitos outros. Li a história de Elizabeth Taylor e Richard Burton e de Lillian Hellman e Dashiell Hammett.

As histórias se aproximam no drama vivido pelos casais. Muita bebida, tapas e presentes. A história de Richard Burton e Elizabeth todos conhecem- foi excessivamente explorada pela mídia- conta o encontro dos dois, ambos casados, no filme Cleópatra. Quando o diretor mandava cortar, eles continuavam as cenas tórridas de amor. A filmagem foi um desastre, os prazos todos estourados. Depois vieram muitas separações, tentativas de suicídio dela, muitas doenças.

Lillian Hellman era completamente apaixonada por Dashiell, amor à primeira vista e viviam entre encontros e desencontros, muitas drogas, bebidas, agressões. Não há glamour. Lillian parece que não teve o amor correspondido o que aconteceu com Elizabeth, pois todos sabem o quanto Richard amou Liz Taylor e lhe presenteava com diamantes para provar o afeto. Estavam separados quando ele morreu- bebia excessivamente- se falavam diariamente, e quando ela soube da morte do amado ficou arrasada, histérica- termos da autora. Estava casada com alguém que só servia de pano de fundo, Liz não suporta ficar só.


Cleopatra. Posted by Picasa

A história de Liz e Burton é comovente, tão intensa e impossível. Confunde-se com Cleópatra e Marco Antonio também contada no livro. Paixões são difíceis de se manter, acabam, viram amores sem graça, ou como este vivido por Liz e Burton, mantido à distância, sobrevive intenso. Eu entendo o desespero de Liz ao sabê-lo morto, não foi crise histérica, foi desespero- “ Oh, pedaço de mim, oh, metade arrancada de mim...” *

* Música de Chico Buarque "Pedaço de mim" para quem não conhece, é de doer.

Pedaço de Mim
Chico Buarque

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar

Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais

Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu

Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi

Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Leva os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus

Nenhum comentário: