quarta-feira, março 16, 2005
Encontros e desencontros amorosos
Encontros e desencontros amorosos.
Vivemos em busca de um encontro, encontro mágico que preencheria o nosso vazio existencial, acabaria com a solidão. Este encontro encantado não existe, porque cada encontro vem com nossas fantasias, nossos fantasmas, com uma expectativa tão especial que geralmente é frustrada.
Somos complexos, não somos previsíveis, temos momentos de generosidade, de doação, mas na maior parte do tempo estamos a espera de que o outro nos dê aquilo que desejamos, sem que o outro saiba o que desejamos, e nem mesmo nós, na maioria das vezes, sabemos o que esperamos do nosso parceiro a não ser amor incondicional.
Os encontros amorosos acontecem quando imaginamos que o outro vai suprir nossas expectativas, quando acreditamos que o parceiro é como nós, quando estamos identificados com este outro, que ainda nem conhecemos. Quando percebemos no outro coisas que não gostamos acreditamos que ele poderá mudar, a mudança mágica para sermos felizes para sempre. Na entrega amorosa acreditamos ser um em dois.
Neste momento muitas vezes estamos apaixonados pela paixão, pelo estar apaixonado, com toda a adrenalina que este momento traz. É uma viagem maravilhosa e assustadora, cheia de ansiedades e alegrias, onde o medo de perder o objeto amado se faz constante.
Este encanto se quebrará em algum momento, pode ser um gesto bobo, uma escolha “brega”, uma palavra mal colocada, uma sujeirinha no antes belo sorriso, uma descoberta qualquer que não se encaixa naquilo que esperávamos do ser amado.
Algumas pessoas, mais que outras, entram em pânico diante de incertezas, ficam dominadas pelo ciúme. Aqui entram os fantasmas de cada um. Se você experimentou abandono viverá a espera de um novo abandono, não haverá amante amantíssimo que te deixe seguro. Você perdeu lá atrás. Estará à espera de um reconhecimento, que faltou quando era bebê.
A paixão, o estar apaixonado se quebrou mas há afeto, há amor.
Por que diferenciamos paixão de amor?
O amor seria mais generoso, mais tolerante, cúmplice. Quando amamos vemos no outro imperfeições, mas mesmo assim sentimos afeto por ele, algumas imperfeições te comovem e te fazem transbordar de afeto. Lembro de um casal de atores famosos franceses, Yves Montand e Simone Signoret, ele dizendo que quando a via colocando os óculos, depois dos 50 anos, se enchia de afeto.
Mas na maioria dos casais existe muita intolerância, cobrança, muita culpa jogada no outro pela própria infelicidade. Quando isto acontece é hora de parar e repensar a relação, pensar o que esta relação significa. O que esta pessoa representa.Temos medo de mudar, medo do novo, medo de falar de assuntos delicados, de mágoas, e não percebemos que estes sentimentos vão alimentando o rancor, nos distanciando de quem amamos e nos adoecendo.
Na década de 70, no auge do amor livre e de liberdade sexual, as pessoas passaram a viver, algumas vezes, de forma promíscua, digo no sentido de que tudo é válido, tudo deve ser dito, confessado, discordo, nem tudo deve ser dito, por que contar para o parceiro uma fantasia sexual, por exemplo? Este comportamento acabou gerando casais que se propunham “modernos” mas que na realidade estavam confusos, quanto ao comportamento. Tudo pode? Não. Então por que não guardar as fantasias? Afinal é o que temos de mais intimo.
Atualmente, temos disponível uma quantidade enorme de livros, que se propõem a ensinar casais a se relacionarem, fomos todos bombardeados por manuais, vídeos sobre sexo, como dar prazer, como obter prazer. Isto trouxe mais informações, coisa que não havia antes, mas também um nível de exigência muito grande, não basta um orgasmo, é preciso ser múltiplo, é preciso saber onde é o ponto G. Sabemos que isto tudo é irrelevante numa relação amorosa, pois cada casal tem uma
química própria, não existem regras na verdade. Não sabemos o que se passa entre um casal na intimidade.
O mundo real é muito diferente do mundo criado pela mídia e pelo nosso imaginário. Vivemos com nossas imperfeições os nossos encontros e desencontros.
Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, como diz o poeta Caetano.
A paixão é virtual e o amor seria virtual, também? e os amores aqui na internet seriam sempre virtuais? Agora você tem a palavra. O que pensa sobre isto?
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Um comentário:
Meus caros, que responsa! Meg, vc está exagerandoooo, eu não sou isto tudo , não.Só quero que dividam comigo estas coisas que escrevo, este texto é uma palestra que faço, fiz várias vezes num SPA onde trabalhei aqui em Genipabu,adoro falar de amor,vcs já devem ter notado, sou um eterna apaixonada pela paixão, talvez.
Inagaki, agradeço ter colocado sua foto, gostei, eu não coloco a minha no blog porque não estou ainda com vontade de colocar.
Que bom que amores virtuais podem se materializar,né?
Um abraço para os dois, Laura.
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