terça-feira, junho 14, 2005
Carta de amor.
Carlos Scliar
Rio, 30 de junho de 1981.
Acordei e não te encontrei mais na cama, por que não me despertou? Gostaria de ter me despedido de você, meu amor.
Vai ser difícil ficar longe estes dias, estou tão apaixonada...Já sinto saudades.
Escrevo da cama, quando vi que não estava, peguei uma maçã e voltei para a cama, ainda não tenho fome, você me deixa plena, nem fome eu sinto, ficarei alguns dias em estado de graça.
Ainda chove, nem abri as cortinas, a chuva me assusta desde menina, o que teria me levado à sensação de que algo ruim está para acontecer quando chove muito? Nunca vivi em lugares onde havia perigo... Ih deve ser algo herdado dos meus ancestrais.
Você sabe que não gosto de rever a minha infância, me vem aquela tristeza que você conhece e me deixa sombria.
Vou mudar de assunto.
A nossa bichinha está aqui nos meus pés, me aquece, faço de conta que vou colocá-la para fora da cama, ela se acomoda, não quer perder o pouso quentinho, nos aquecemos.
Amor, será que vou agüentar tantos dias longe de você?
Queria ter te beijado antes de viajar, sentido teu beijo, teu cheiro. Agora tenho que me contentar com o que resta de você nos lençóis, me agarro ao seu travesseiro como se isso me salvasse do naufrágio. Não me deixe naufragar.
Neste momento você já deve estar sobrevoando São Paulo, ainda bem que aí o tempo não está ruim, já fui conferir no J.B.
Cuide-se, tenha tranqüilidade na hora de montar a exposição, vai dar tudo certo, será um sucesso, eu sei. Queria tanto poder ter ido, espero que pelo menos os clientes não inventem de faltar nestes dias, só pensarei em você nos meus intervalos todos. Assim que montar a exposição me telefone, estarei ansiosa para saber se tudo correu bem.
Não esqueça de avisar nossa amiga libanesa assim que chegar, faça o possível para ir conhecer o apartamento deles, é importante para os dois, estão tão felizes, deve ser um lindo apartamento, além do mais a comida é deliciosa, hum... queria estar ai.
Te amo, te adoro, te cumplicio(existe?).
Te beijo até sentir tua alma.
Laura.
P.S: queria tanto ter enviado esta carta, pena que tenha escolhido outro pouso.
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