domingo, março 06, 2005

Clarice Lispector.

























Retrato de Clarice feito por Carlos Scliar


Nesta semana em que o mundo homenageia as mulheres, pensei que Clarice Lispector nos representa na literatura, sabia expressar a nossa subjetividade, o que não é nada fácil.

Leiam:

Quem se atreve a definir esta mulher? Enigmática, para Antônio Callado. Um mistério, para Carlos Drummond de Andrade. Insolúvel, para o jornalista Paulo Francis. Ela não fazia literatura, mas bruxaria, disse Otto Lara Resende.
Em maio de 1976, o jornalista José Castello, colaborador de O Globo, recebe a missão de entrevistar Clarice Lispector. Corre boato de que ela não quer mais saber de entrevistas, mas Castello consegue o encontro.
Dialogam:
J.C. - Por que você escreve?
C.L. - Vou lhe responder com outra pergunta: - Por que você bebe água?
J.C. - Por que bebo água? Porque tenho sede.
C.L. - Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.
Investigada por pesquisadores apaixonados no mundo todo, Clarice é uma das mais cultuadas escritoras brasileiras. Para muitos, das mais importantes do século 20, no mundo.Clarice nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920. Os pais, Pedro e Marieta, junto com as filhas Elisa e Tânia, estavam emigrando para o Brasil. Pararam naquele lugar apenas para Clarice nascer. Com dois meses de vida desembarcava com a família em Maceió, Alagoas, onde viveu por três ou quatro anos. Mudam depois para o Recife. Em 1929, perdeu a mãe. A menina já escrevia historinhas recusadas pelo Diário de Pernambuco, que mantinha uma página infantil. Elas não tinham enredo e fatos - apenas sensações.
Guardo de Pernambuco até o sotaque. Quem vive ou viveu no Norte tem uma fortuna de ser brasileiro muito especial.
Adolescente, segue com o pai e as irmãs para o Rio. Termina o secundário, dá aulas de português para contornar a crise financeira da família. Entra na Faculdade Nacional de Direito em 1939. No ano seguinte perde o pai. Trabalha como redatora no jornal A noite, onde publica contos. Em 1943, casa com o diplomata Maury Gurgel Valente.
Entre muitas leituras, lia Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Dostoievski "embora não o aprendesse em toda a sua grandeza" e descobriu por acaso Katherine Mansfield à qual foi equiparada posteriormente.
Perto do coração selvagem, primeiro romance, publica em 1944. ela o havia escrito aos 19 anos. A jovem revelação desnorteia a crítica. Há os que buscam influências, invocam certo temperamento feminino. Outros não a entendem.
Não sei o que quero e, quando descobrir, não preciso mais. Acho que quero entender. Quando escrevo, vou descobrindo, aprendendo. É um exercício de aprendizagem da vida.
Viveu em vários países, acompanhando o marido. Nápoles, Berna, Washington se revezam com passagens pelo Brasil. A vida de mulher de diplomata não lhe agradava. Em 1947, escreve às irmãs:Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil. Quem está se divertindo é uma mulher que eu detesto, uma mulher que não é a irmã de vocês.
No exterior lhe nascem os dois filhos. Mãe, Clarice divide-se entre as crianças e a literatura.
Separada do marido em 1959, volta ao Rio com os filhos. Mais um período de dificuldades afetivas e financeiras, apesar de já ser escritora famosa, com obras publicadas no exterior. Em todo a década de 1960, colabora em vários jornais e revistas para sobreviver, faz traduções. Em 1969, já era autora de obras importantes como O lustre (romance, 1946); Laços de família (contos, 1960); A maçã no escuro (romance, 1961); A paixão segundo G.H. (romance, 1964); Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (romance, 1969). Incomodava-se com sua mitificação: Muito elogio é como botar água demais na flor. Ela apodrece.
Clarice morreu de câncer em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos. Poucos meses antes concedeu célebre entrevista a Júlio Lerner, da TV Cultura. Ela acabava de terminar A hora da estrela. Escrever era vital para a misteriosa Clarice. Na última entrevista confessava:
Quando não escrevo, estou morta.
Em 1975, convidada a participar do Congresso Mundial de Bruxaria na Colômbia, limitou-se à leitura do conto O ovo e a galinha, um conto meu que não compreendo muito bem. Na década de 1990, o escritor Otta Lara Resende advertiu José Castello, que escrevia biografia de Clarice:
Você deve tomar cuidado com Clarice. Não se trata de literatura, mas de bruxaria.
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ReferênciaAlmanaque Abril de Cultura popular. n. 32. São Paulo: Elifas Andreato, nov. 2001

Um comentário:

Henrique Luna disse...

Olá Laura! Que bom q vc gostou dos versinhos. Os fiz com uma amiga. Bom, pra vc pôr foto vc vai entrar no site www.hello.com. Lá, vc vai fazer o download do programa e instalá-lo no seu pc. Ao fazer o download vc será levada a criar um login e senha [basta instalar o programa e abrí-lo, e ele te levará ao cadastro]. Efetuado o login, vc terá o programa aberto. Na parte superior vc vai encontrar algo assim: "Send Pictures". Vai abrir uma pequena janela perguntando se vc quer usar um outro artifício ou o explorer...selecione "Use Explorer". Pronto, aí vc vai escolher a imagem q vc quer postar. Escolhida a foto, outra janela se abrirá. Vc vai selecionar "BloggerBot" e em seguida clicar em "Send". A foto irá abrir e no canto esquerdo vc terá um caixa de texto. É necessário vc escrever algo lá...dizer o que é a foto, ou mesmo escrever um texto [copie do Word, por exemplo], abaixo da caixa de texto o botão "Publish" irá acender qnd vc escrever algo. Vc clica em "publish" e o blog vai se abrir automaticamente. Normalmente, o texto não fica tão bem arrumado no blog, aí é só vc editar, mudar oq quiser no texto, mantendo, claro, a foto. Siga esses passos. Qualquer dúvida, escreva pra mim: henrique.luna@gmail.com.

Beijos