terça-feira, agosto 21, 2007

Abrindo caminho...


Furacão Dean*




Estes dias têm sida especiais para mim.Engraçado, minha vida mudou quando Drummond morreu e agora quando fez 20 anos da morte dele.
Estou estudando mais- hoje apresentamos um trabalho sobre o conto "O espelho" de Machado de Assis e o "Estágio do espelho" de Lacan.
Eu já falei do conto aqui, é fantástico! Machado coloca questões que Freud anos depois estudou e Lacan mais para a frente. Fala sobre o processo de identificação do sujeito. O conto tem tudo que o "Estágio do espelho" traz. É impressionante. Uma hora vou digitar direitinho, eu falo mais do que escrevo quando apresento as coisas. Sou melhor falando.
Ah! e como eu estava muito ansiosa, em vez de pegar um caminho, peguei outro, atrasei uns 10', coisa que nunca acontece, aproveitei para colocar para a turma uma coisa que acontece ali- as pessoas são muito inibidas, não têm coragem de falar. Por favor! um bando de adultos com medo da professora ou dos pares! Ah! eu disse que é para se pensar sobre isto. Foi ótimo, me disseram que foi muito boa a minha, nossa, apresentação e também que foi ótimo eu ter me colocado sobre a inibição. Olha, eu vou fazer palestras para 70 pessoas, por aí, numa boa, fico um pouco ansiosa, mas é o desejo de chegar logo, começar a falar logo, sem medo- hoje me deu uma ansiedade ruim, de suar nas mãos- eu hein? Mas foi ótimo. Eu coloquei muitas questões, havia outro grupo e a professora achou a discussão tão rica que deixou o outro grupo para outro dia. O conto é rico demais. Uma hora coloco lá no 'Oriente-se'.
Acho legal que a professora deu um texto de Stella Jimenez, Stella foi a minha primeira professora de teoria lacaniana, num curso de especialização em adolescentes- ela era recém chegada da Argentina. Alguns anos depois ela deu aula de novo, na Sociedade de Psicanálise. Eu já estudei bastante o cara, mas não levava à sério. Agora quero aprender, antes era mais uma curiosa.
A minha vida está mudando e eu estou feliz, acho que encontrei um grupo de pessoas para estudar, são pessoas com quem tenho afinidades, um médico de S. Paulo, uma senhora daqui do interior- simpática e generosa, e super estudiosa, e uma moça mais jovem que nós. Estamos nos afinando, está muito bom. Temos um outro grupo que estuda psicose, neste tem outro psiquiatra (não sei exatamente de onde ele é, provavelmente do interior, é simpático- as pessoas de Natal são antipáticas, vocês não imaginam quanto, sorry, Dai, você é exceção, Gustavo também é um amor de pessoa, e é daqui, há exceções, mas o que tem de gente arrogante...). Pronto, arranjei inimigos. ai ai :)
Engraçado, estou estudando as identificações, e estou sentindo que resgatei estes dias minha identidade profissional- havia momentos em que eu ficava muito triste pensando que não havia espaço aqui para mim. Estou abrindo caminho. É um momento de excitação e insegurança. Clientes para psicanálise são especiais, não se acha a cada esquina, ainda mais numa cidade onde há preconceito com isto. Me disseram que aqui psicanálise é vista como algo muito sexualizado e que só os doidos fazem, isto dito por nordestinos. Entonces, é preciso muita paciência, ainda bem que estou fazendo yoga :) Se as pessoas soubessem o que é uma boa análise não pensariam estas besteiras. Análise faz você crescer, se expandir, ser melhor, mais rica internamente.
Bom, e com isto vem mudanças- de casa, etc e tal.

*Estes furacões me deixam com medo. Tenho um amigo, Patrício,lá no Caribe. Sei que ele se cuida, vai para abrigos, mas é sempre uma preocupação. Agora sua mulher está grávida...Estes dias ele ficará sem o computador, não vai ler aqui.
Eu não saberia conviver com estes fenômenos, sabia? Terremotos... e ele é chileno, conviveu com tremores de terra, agora furacões- deve gostar de emoções fortes- eu só gosto de emoções fortes amorosas. :)
Ei, eu não sou um furacão, viu? hihihi

Para Madoka:
Sobre a carta aí embaixo, queria dizer que eu me exponho,sim, não me assusta isto. Além do mais era um amor que não foi realizado, ele me via idealizada, eu era uma deusa para ele, eu não aceitava a idealização, dizia para ele- nunca nos tocamos, nunca houve nada físico. Bom, uns dias antes de morrer, ele me ligou e disse que estava há mais de mil kilometros de distância- estava em Recife- e que precisava dizer que me amava e que eu não devia dizer que era fantasia, que eu existia para ele, etc e tal. Eu concordei em conversarmos quando chegasse, disse que também gostava muito dele, eu gostava demais, mas sem atração nenhuma, só como amigo. Ele morreu antes desta conversa.
Na época eu tinha um amor, eu sempre estou enamorada- acho que era A. o namorado ou Fernando,o pintor, não sei. Que ano ele morreu? 76, era Fernando então...o namoro com Fernando durou 3 anos e meio, mas é outra história, não é? :)

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