sábado, junho 29, 2013

Arnaldo Bloch- A classe mídia






A ‘classe mídia’


O grupo que marcou o Brasil nas últimas semanas é desligado de qualquer estrutura formal e movido por intuições diversas

Disse o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e presidente do Ipea (quantas qualificações!), Marcelo Neri, que a massa que se manifestou nas últimas semanas não é a verdadeira massa. A teoria é mais ou menos a seguinte: como a renda no topo da pirâmide subiu menos do que na base, os mais ricos resolveram fazer biquinho. Ora, seu Neri, se não foram os mais pobres, tampouco foram os filhos de Eike que saíram mascarados, munidos de cartazes e de vinagre. Quem estava nas ruas era a famosa classe média mesmo, não a nova, mas a velha nova, que, embora jovem e cibernética, é a que paga, e sempre pagou, a conta.
No caso, a conta das benesses que a Era Lula, em seu pacto com a sociedade, distribuiu aos ricos e a renda programática que distribuiu aos pobres. Malfadada, eterno recheio ensanduichado entre forças opostas — ricos/pobres, esquerda/direita, governo/povão — a classe média de agora meteu-se no vácuo formado pela ausência de uma crise.
Apesar de ter pago a conta tanto dos avanços quanto dos retrocessos (o retrocesso político, por exemplo, a partir do lema “todos pusemos a mão na lama”), nada de especialmente bom choveu na sua horta, e a pouca vergonha (eis uma expressão bem classe média) não só imperou, como esculachou.
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E, por fim (e por falar em apito), é curioso lembrar que tudo começou em meio ao conflito entre índios e latifundiários, que se apagou do debate tão logo saíram os mascarados, embora, nas ruas, todos fossem índios. O cacique, ninguém sabe, ninguém viu.


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