domingo, outubro 31, 2010

Drummond e eu- Arquivo





Caminhar: Drummond e eu
 

Hoje, 31 de outubro seria aniversário de Carlos Drummond de Andrade. Nunca me esquecerei, pois se não fosse por ele eu não teria meus dois filhos. Já contei antes esta história, todos os anos conto, então vou repetir os posts anteriores. Quem já leu, sorry.

Drummond entrou realmente na minha vida ao morrer.

Era agosto, meu inferno astral, mês de mau agouro. A TV notícia a morte de Drummond. Fico triste e confusa, não sei se devo ir ao enterro- detesto estas cerimônias.

Dia cinzento, chuva fina, às nove da manhã a imagem do meu amigo no caixão na capela quase vazia me comove, e resolvo ir ao enterro.

Onze horas, hora do enterro, a capela cada vez mais cheia me sufoca. Saio para a varanda do cemitério São João Batista. Ali um homem alto, olhos azuis, de terno de linho azul claro aguarda, como eu, a saída do corpo. Havia outras pessoas: políticos, artistas, gente do povo.

Pergunto a um homem qualquer se há outra saída para o caixão- vi repórteres correndo.
O homem de terno de linho azul claro diz: "Deixe que vou ver". Volta e de longe faz um gesto com a mão para seguí-lo. Diz: "Venha". Fui.

Algum tempo depois eu esperava meu primeiro filho- dele.

Diz um amiga astróloga que quando morre um escorpião nasce outro, no meu caso nasceram dois geminianos.

Devo a Drummond meus dois lindos meninos, hoje homens.

Mais 'Drummond e eu' aqui.

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