sábado, maio 29, 2010

Lembrando Drummond


Você tem ou conhece alguém que tenha uma carta escrita pelo poeta Carlos Drummond de Andrade ou de qualquer outro autor brasileiro?

Folha pergunta.

Interessante, não sei se quero 'mandar' para lá a cartinha que tenho dele. Nossa relação foi mais ao vivo, ou ao telefone, que epistolar. Eu lhe escrevi agradecendo os livros. Ele agradecendo o desenho, que achou magnífico- palavra dele.

Vocês já estão cansados de saber que nos encontrávamos nas esquinas de Ipanema. Tomou chá comigo em minha casa, disse que era frugal diante da mesa farta. Ganhei naquele dia uma gravura de Renina Katz. Ganhei livros, me escreveu linda dedicatória... Mas isto não é nada diante da lembrança que tenho dele. Da figura magra se delineando nas ruas. Dos nossos encontros, do caminhar de mãos dadas- eu encabulada- conhecia muita gente ali- amigos me contavam que me viram com o poeta- brincavam comigo.

Eu o encontrava às 3 da tarde e às 6 da tarde. Na hora que ia e quando voltava da casa de Lygia, que morava umas quadras depois de mim. Eu, na rua Nascimento Silva, ela, na Barão de Jaguaribe.

Contei algumas vezes. Aqui está. É estranho saber que alguém possa ler minhas cartas para ele.
Drummond ficou enamorado por mim, eu sei porquê, eu era uma moça exuberante e transbordava paixão- estava vivendo naquele momento uma bela relação de amor.

Ele me disse: Se quiser manter a paixão, não case.

E me contou que tinha uma amante há 30 anos, moça de família,(palavras dele), que deixou a casa dos pais para viver só por ele etc. Vocês também conhecem a história dele com Lygia Fernandes. Ele me disse, gaiato, que tinha mais anos de casado com a sduas mulheres do que de vida. Era ágil e jovial. Impressionante.

Fez uma crônica para mim, enciumado com meus amores- um deles ele inventou- era meu amigo- um violinista americano- Tad Lauer- hoje vive na Suiça. Esta crônica foi a ante penúltima dele para o JB- estava cansado- era o próprio quem ia até a Av. Brasil levar a crônica- se fosse hoje provavelmente não deixaria de escrever. Realmente, ir de taxi até lá é desanimador- Drummond só andava  a pé e de taxi.
Caminhava muito- eu o via em Copacabana- ia ao Correio. Imagino quantas correspondentes deve ter tido- era gentil e gostava de aconselhar, mesmo- a mim também disse: Não se debruce muito sobre as tristezas, amor é misto de alegrias e angústia.
Acho que é isto, não vou conferir agora.

Pois é, e amanhã é aniversário de Luc, que nasceu um ano depois que Drummond morreu, conheci o pai dele no enterro do poeta. Dan nasceu dois anos depois. Devo ao Carlos Drummond meus dois lindos filhos.
Que viva Drummond! em mim estará sempre vivo.

3 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Grande Drummond. Adoro.

Anônimo disse...

Resolveu Laura, vai enviar?
Tem especiais que a Folha acerta de vez em quando né não? Depois nos informe o resultado da Falha pra nós?
bjs
madoka

Lia Noronha &Silvio Spersivo disse...

Laura: vc sempre com nvidades no seu Caminhar...essa sua amizade com Drummond...daria um livro.
Bjins querida de bom começo de semana.