domingo, janeiro 24, 2010

Perdida no sonho






Que noite! Sonhei muito.

Estava num quarto com pessoas da família- melhor não dizer quem eram- e ninguém me dava atenção. Começo a chorar e aos prantos, em desespero, e nada. Digo que estou magoada, sofrendo e nada. Miguel Falabella- imaginem- vem e me abraça e diz para eu me acalmar. Me dá um abraço aconchegante e me tranquilizo.

Estou num banheiro e alguém abre a porta- uma visita para alguém da casa. Digo que não tenho nenhuma privacidade, que não suporto isto, que a empregada ao receber as pessoas deve deixá-las na sala esperando e não mandar subir.

Experimento uma saia longa, vermelha, estampada- imaginem- e trago a saia para o peito, digo: Vou mandar fazer um vestido curto com ela. Havia duas saias vermelhos, eu penso que é um exagero- over.

Desço a rua Farme de Amoedo em Ipanema de mãos dadas com meu filho Dan, ainda menino. As lojas estão fechando. Pergunto por que, respondem que o Papa está chegando. Digo que é ridículo.
Na rua Nascimento Silva encontro a família de meu amigo Pedro. Estão num balcão, comendo algo, sentados. Pergunto por ele. Dizem que não vai aparecer hoje porque é aniversário de D. Ana, sua mãe. Eu a abraço de digo: No ano passado eu também estive aqui no seu aniversário, comemos torta.

Estou fazendo um estágio em algum lugar- talvez um hospital- uso uma blusa branca. Ao chegar em casa a gola da blusa está imunda. Alguém, também de branco, me diz que é preciso ter uma gola postiça, para não perder a roupa logo.

Falava com a mulher do síndico, dizia que deveríamos fazer uma comissão para resolver coisas práticas do condomínio. Ela me mostrava um papel para eu ler, mas a luz solar refletida me cegava- eu digo, aflita: “Não enxergo nada.”


O que pensei sobre os sonhos?
Ai ai...

O primeiro sonho descortina o que sempre senti em relação à família. Não me estenderei aqui. É longa e dolorosa história- não estória, viu?

Por que Miguel Falabella? Acho que é pela proximidade com o meu amigo Jôka, nos falamos ontem via Twitter, eles são super amigos. Miguel também aparece por lá, é um tuiteiro excelente, lança temas, faz muitos contatos- não falei com ele, não.

A saia... Tenho uns vestidos aqui que quero reformar. Um deles é de um belo tecido, original, um ex cliente criou- era estilista-nunca mais usei. Há anos procuro alguém para fazer roupas, é uma coisa mal resolvida- eu não gosto da roupa que existe para vender- gostava da 'Chocolate', por exemplo, mas era caríssima e chiquérrima, mas roupa leve para usar aqui... não acho. Há pouco algodão, muita fibra sintética. Há anos acho a roupa feia. Gosto de vestidos femininos, leves. Gosto de criar as roupas, uma época mandava fazer, ficavam bonitas.
Comprei alguns vestidos quando estive no Rio, mas são todos largos, este corte que já cansou, sem cintura marcada. Gosto de usar short também. Mas para trabalhar... Repito muito roupa- muito difícil comprar- detesto cabine de lojas, odeio vestir, desvestir. Minhas roupas estão acabando. Tenho de inverno, mas só para viajar, claro.

Sobre a roupa branca... talvez tenha a ver com os médicos da novela “Viver a vida”- são umas graças, não é? A loirinha é linda, a asiática bela, a rapaz- ‘Miguel’- dá vontade de levar para casa- talvez eu desejasse estar ali.

Pedro foi durante anos muito amigo meu, confidente, cúmplice.
Com os anos fomos nos afastando, mas nos queremos muito. Foi a primeira pessoa que conheci no Rio ao chegar em 70 naquela rua. Usávamos o mesmo telefone público, na época dentro da padaria da esquina da Farme. Conversa vai, conversa vem...

Eu ia telefonar para o amor da minha vida na época- Carlinhos- combinar para sair. Em 70 a gente tinha muita liberdade de ir e vir. Ficávamos, às vezes até de manhã conversando encostados no carro, no verão. Dávamos voltas e mais voltas pelaorla da Lagoa Rodrigo de Freitas. A gasolina era barata, o Brasil vivia o auge do seu “milagre”. Não havia o que temer ali na rua, era mais perigoso abrir a boca na PUC- havia dedos duros ali no meio da garotada alienada- ou medrosa-eu tinha medo.

Na véspera, sonhei que eu fazia uma caminhada- era tipo uma maratona- imaginem- andávamos em fila indiana numa estrada, pouca gente. De repente a estrada virou um grande lago azul, raso. No começo vi um ônibus vindo do lado oposto, pensei: “Quando passar aqui vai nos afogar”. Ai, uma bruma encobriu tudo, não sabia mais nada. Pensei: “Não sei em que direção sigo.”
Logo a névoa se dissipou e eu vi ao lado um ponto de ônibus, destes de concreto. Pensei que estava salva.

Ontem à tarde um dos meus irmãos chegou com a filhota de um ano e uma amiga de minha família. Esta é uma mulher super interessante, mas cansativa demais. Fala sem parar. Sabe ‘tudo’ sobre Paris e não cansa nunca, nem toma fôlego. Eu estava com dor de cabeça e passei a tarde cuidando da bebê e ouvindo sobre a França. OK, eu gosto, mas perai. Saíram daqui depois das sete horas, eu exausta, minha mãe arriada.

A maioria das mulheres da minha idade que conheci depois dos 50 anos são desiquilibradas- juro. A gente enlouquece sem ter com quem conversar, cheia de coisas para dizer, cheia de energia- eu entendo. Esta vai à Paris duas vezes ao ano, conhece todos os cantos onde há comida baratíssima, estas coisas. É aposentada. Uma figura- cultíssima e dona da verdade. Defende com unhas e dentes o RN. Contou que em Paris quando diz que é daqui, perguntam: “Riô de Janeirô?” Fica p da vida. “Por que Rio de Janeiro?” Eu nem digo nada. Ela segue: “Porque vendem o Brasil do samba, das mulatas...”. É verdade. Mas também porque o Rio de Janeiro foi a Capital do país, é o centro cultural do nosso país.

Há muita discriminação contra o Rio de Janeiro aqui- talvez o inverso nem segue o mesmo- eu nunca discriminei nordestinos por serem nordestinos- gosto de gente legal não importa de onde.
Este assunto gera rancor. Triste se viver numa cidade onde se tem medo de dizer que não se gosta de vento forte.

Uma hora ela disse que não suporta Internet, que um amigo disse que fez um blog- um intelectual daqui. Ela não quis nem ouvir. Odeia quem fala sobre estas coisas: O meu blog...
Hihihi eu fiquei quieta, não sou trouxa. Ai provoquei meu irmão e disse: O C. tem dois blogs. Ela desviou o assunto. Ele tem dois blogs com os trabalhos que faz. Ela não ouviu- não quis ouvir.

É num meio assim que eu vivo. Por isso vocês, amigos virtuais, me salvam. Amém. Obrigada a cada um- um beijo e boa tarde.

4 comentários:

Leila Silva disse...

Aqui em Curitiba também as pessoas têm uma birra com o Rio, já percebi...mas é verdade que no sul e na região sudeste há ainda muito preconceito contra o nordeste, eles têm um pouco de razão de reclamar, mas eu não vivi aí como você vive para ver o contrário. Eu também não pactuo, tenho bons amigos pra todo lado, inclusive em Curitiba (rs) que é tão criticada.

Ah, eu também detesto ficar experimetando roupas nas lojas, cada vez menos paciência com isso. Comprei alguns vestidos baratos na França, peguei a época das liquidações, foi muito bom e acho que me vestem melhor do que o que encontro por aqui.

Um bom resto de domingo.

Abraço

Vivien Morgato : disse...

Laura, grande parte dos amigos que fiz e dos melhores papos que já tive, são com blog-amigos.
Os amigos do cotidiano frequentemente me dizem que "não tem tempo pra essas coisas", eu só escuto, entediada...rs
beijocas.

Jôka P. disse...

Adorei, Laura! Sabe que raramente leio posts grandes, mas estou no trabalho, tenho tempo e me interessei por esse texto. O Miguel também frequenta os meus sonhos, mas é mais ou menos raro, a gente se já vê na vida "real".
Amanhã volto à fazer análise, por indicação do Fipo. Ele é muito querido. Põe querido nisso.
bjs!

Anônimo disse...

São mesmo desequilibradas Laura? Mas isso independe de idade viu, conheci por aqui brasileiros, gente na casa dos 20, 30 anos, e também falam sem parar viu. Você tem razão, cansa por demais.
O oposto dos japoneses, que é um povo zen, falam pouco, e são detalhistas.
beijos
madoka