domingo, setembro 20, 2009

Saudades...


Imagem de Paris que eu via da minha janela


Ontem não conseguia dormir- os vizinhos estavam reunidos num churrasco, bêbedos, gritando e gargalhando- levantei e liguei a TV. João Bosco estava sendo entrevistado no “Sem censura” pela Leda Nagle. Era quase uma da manhã. Foi ótimo, revê-lo. Está super bem. Lembrou muito o meu amor do passado, a boca é muito parecida, a barba... Viajei olhando para ele, vendo-o tocar violão lá em casa- final da década de 60.
Bosco estudava engenharia em Ouro Preto, era amigo de Carlos Scliar. Foi em Cabo Frio que nos conhecemos. Depois alguns encontros no Rio, mas não ficamos amigos, parece que ele deixou de ser da turma do Scliar, também. Mas foi delicioso ouvi-lo contar historinhas que eu já conhecia: do encontro com Vinícius, com Elis, do primeiro disco, aquele que tem “Águas de março”, do Tom Jobim de um lado e “Agnus dei”, dele e Aldir Blanc , do outro. Era pequenininho, o meu sumiu...

Aí, fiquei pensando que sei que muitos se incomodam quando eu conto estas historinhas. Poderia contar mais do Bosco, claro, mas não aqui no virtual.

Há um ano eu chegava à Paris. Tenho muitas saudades, quero voltar, rever amigos queridos, andar pelas ruas olhando com olhos amorosos. Amei aquela cidade, seus museus, suas galerias de arte, seus prédios, o Sena...

Outro dia contei para alguém um encontro meu com Drummond, ele deixou de me escrever por uma semana- perguntei se o aborreci. Não, respondeu.

Algumas vezes penso que as pessoas pensam que eu invento estes encontros, que sou fantasiosa. Quem me conhece sabe que não sei mentir. O Luis Nassif quando postei uma crônica sobre Drummond na minha página do Portal, me perguntou se era ficção, respondi que não. Ele silenciou.

Ou acham que eu estou me achando? Nada disto. Eu conto porque acredito que as pessoas devem conhecer o outro lado do poeta- o lado sapeca, sacana, bem humorado, enamorado.

Minha vida não é nem nunca foi um mar de rosas, pelo contrário. Estes presentes eu ganhei porque fui ao encontro deles- todos- nenhum caiu do céu. Por ex. o príncipe, o homem mais lindo do Brasil, é meu amigo virtual, é fofíssimo comigo. Por quê? Por que eu o respeito, admiro, dou força, sou amiga. Não sou invasiva, apenas espontânea. E sei o meu lugar.

O outro escritor, conhecido por não gostar de falar, é meu amigo também. Por quê? Porque gosta da minha espontaneidade- (cativante, ele disse)- e porque eu o deixo em paz, não o chateio. Já pedi para que lesse meus contos e dissesse algo? Não. Dei aquele “O homem menos estranho” para ele ler para saber que escrevo. Ligou e disse que era um conto bonito e angustiante. Só. Bastou para mim. Gostaria que ele lesse e dissesse algo mais? Óbvio. Mas não vou pedir, jamais.
Ele está doente também, eu o deixo em paz. Eu o amo- verdade, sinto amor profundo por ele, mas assim de longe. Queria vê-lo mais? Óbvio. Mas fico na minha. Por isso gosta de mim.

Estou aqui me justificando, ridículo. Mas senti vontade de.

No Twitter sinto que incomodo quando digo estas coisas que citei ai. Ora bolas! Twitter é como aqui, um espaço para dizer o que sentimos, fazemos, o que passa pela cabeça, indicar links...

Que não me sigam se ficam incomodados. Tenho 111 seguidores, destes, sei, alguns "amigos" ficam em silêncio mortal quando falo, por exemplo que adoro chá inglês hihihi Eu amo chá inglês, é delicioso, dos deuses, quase todos. Saboreio com o maior prazer- tenho poucos prazeres, vocês sabem.
Ontem aconteceu isto. Eu disse que faz um ano que embarquei para Paris, 3 pessoas foram conversar em particular, via DM, e-mail.

OK sou meio paranóide, mas é uma indelicadeza enorme, pessoas estarem num grupo, num chat, e algumas dizerem abertamente:
Vamos ali no cantinho cochichar?
Por favor, deixem de me seguir. Prefiro. #prontofalei :)

Ah! e estes dias descobri porque ando tão mal. Meu médico homeopata do Rio disse que eu estava tomando medicação errada- estou intoxicada de sal(Natrum Muriaticum), por isso tanta tristeza, dor de cabeça e indisposição. Pois é, eu repeti a dose por minha conta, mais de uma vez. Que estupidez! Agora estou sofrendo, e muito, as conseguências.

3 comentários:

Estevam disse...

Gosto do seu jeito de dizer o que pensa. Continue contando suas histórias, fazendo seus poemas, desenhando...Se alguém não curte,paciência.Não é objetivo de quem cria, agradar a todo mundo. Por sinal, seria estranhíssimo conseguir isso. Acerte essa sua dose de remédio e "bola pra frente".Quem te segue agradece.Bjs.

Luci disse...

Querida!
faz tanto tempo que não lhe leio.
muitas dores, muitas alegrias tb!
me lembro do encanto que fiquei qdo li do encontro seu com drummond - temos a imagem do poeta, não do homem simples que caminhava pelas ruas tranquilamente tímido.
não se incomode com os que se afastam, mas com os que ficam!
fiz bolo pra vc! atrasado, mas não esqueci!
beijos

teresa disse...

um ano já? quase não dá pra acreditar. menina, eu também sinto saudade de paris, apesar de que estou curtindo muito dublin. vc podia incluir a capital da irlanda na sua próxima visita à europa, né? se cuida. um beijo.