quinta-feira, dezembro 04, 2008

O homem das chaves




Esta foto não é minha, Anacarr me mandou, é de um amigo dela. É a lua, Vênus e Júpiter, estão no céu estes dias, eu vi, mas a máquina não pegou bem. Coloquei para o Marcelo Coelho ver, ele não viu. Este também é gente fina, podem crer, mas não é amigo, apenas nos conhecemos por aqui.



Terça-feira, cheguei tarde do consultório, e meus filhos estavam aqui.
- Mãe, não sabe o que aconteceu...
- O que?
- Betânia enfiou uma chave na fechadura, que não era daqui da porta da frente, agora não abre nem fecha mais.
- P q p.
Depois de tentarmos retirar a chave alguns minutos, desistimos. A porta foi fechada por sorte, mas não abria mais.
Dia seguinte, cedo, ninguém ousava mexer na chave, poderia quebrar, melhor chamar o chaveiro. Onde? Lembrei de um jornalzinho de bairro. Achei.
O seu J. veio rapidamente, em segundos retirou a chave. Cobrou vinte reais. Certo.
Pedi que fizesse uma cópia da chave do carro, que não tenho, e trocasse a mola da fechadura. OK.
- Quarenta reais, já que a senhora fez outras coisas.
De acordo, fiquei de levar o carro depois de deixar Dan na escola- o sol está de torrar a moela.
O homem das chaves me trouxe em casa e foi com o carro. Tudo nos trinques.
Telefonou duas horas depois avisando que estava trazendo o carro. OK.
Quando chegou eu pedi que entrasse na garagem para acertar, havia peões de obra na casa ao lado.
- Sessenta reais, ele disse.
- Ué? o sr. havia dito quarenta reais tudo.
- Fica por cinquenta reais, então.
Ele entrou e fechou a porta da frente com a chave. Não gostei, nem entendi. Fingi não perceber. Imediatamente chamei meu filho que estava no andar de cima. Dan desceu e foi comigo levar o homem de volta, achei razoável ele pedir que o levasse, afinal trouxe o carro até aqui. Não é longe, fica no bairro.
Bom, eu estranhei e fiquei pensando o que o teria levado a fazer isto. Ele mantinha um sorrisinho safado no rosto, magro e feio, quando veio trazer o carro.
Pensei que deve ser por eu parecer só, eu resolvo tudo: chamo, acerto o preço, pago, levei-o dirigindo. Além do mais, estava com um vestido curto e short por baixo. Não suporto calça comprida aqui, o calor é demais.
Foi isso, queria contar para vocês. Fiquei intrigada, afinal sou uma senhora, mesmo de pernas de fora, continuo sendo uma senhora, mãe de dois rapazes, e me comporto, sempre, sem vulgaridade. Já ouvi dizer que as cariocas têm má fama aqui, pode ser...ai ai ai
Só para esclarecer, senão já vêm defender-se atirando pedras, aqui e em outros lugares do Brasil. Meu ex pensava desta forma, era mineiro do interior, sul de Minas. No Rio somos mais descontraídos, falamos mais claro, sem subterfúgios, dai...
Mas o chaveiro, faz favor...
AH! e hoje a Betânia chegou, milagrosamente, na hora, estava com medo que eu desse um show, ela contou que a outra pessoa para quem trabalha disse que eu daria, nunca dei. Tentou se justificar, como sempre, que a chave estava solta ali, quis colocar no lugar, que era igual a outra...Falei: Betânia, reconheça que você fez besteira e vamos mudar de assunto. Ok?

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