sexta-feira, novembro 02, 2007
E viva a tropicália! Por que não, por que não...
Descobri este site ao acaso. Ah! foi na UOL.
Vejam que barato! Adorei.
Adoro este sorriso dele. Para mim, quem não gosta de Chico e Caetano é ruim da cabeça ou doente do pé.
Ih! melhor não falar mais nada.
Entrevista com Caetano Veloso
Ana de Oliveira: Antes do lançamento de “Alegria, alegria” e “Domingo no parque”, você e Gil já falavam da necessidade de um movimento de renovação da música popular brasileira.
Caetano Veloso: A gente já falava nisso em 66. Você pode ler na contracapa do disco Domingo:
“vou cantar essas canções que compus tempos atrás à vontade porque hoje estou pensando em coisas
e projetos completamente diferentes.” Gil já tinha feito até umas reuniões no Rio com os outros compositores e músicos pra tentar transmitir o novo modo de ver. Ele marcou na casa de Sérgio Ricardo, chamou Edu Lobo, Chico Buarque, o irmão de Sérgio Ricardo, várias pessoas. Gil queria que todos participassem, mas o pessoal não entendeu. A gente vinha pensando nessas questões já fazia
um bom tempo. Eu vinha conversando muito com Rogério Duarte sobre a falta de capacidade de aventura do criador de música popular no Brasil, sobre os resguardos dentro do mundo do bom gosto e do politicamente correto na época. Também sobre o preconceito contra o rock e o iê-iê-iê, que, embora
não interessassem tanto em princípio, tinham uma vitalidade que a gente foi descobrindo. Bethânia
já havia me chamado a atenção pra Roberto Carlos. Tudo isso entre 65 e 66.
Ana: Quando você ouviu pela primeira vez o termo Tropicália?
Caetano: Num almoço em São Paulo, dito por Luiz Carlos Barreto, em 1967. O disco já estava praticamente pronto, e a música já estava gravada, mas não tinha título. Luiz Carlos pediu pra cantar as músicas novas – naquela época se cantava muito com violão em reuniões assim. Quando eu cantei essa, ficou maravilhado. Achou parecida com o filme Terra em Transe e com a obra de um artista do Rio,
Hélio Oiticica, chamada “Tropicália”. Dizia que eu devia dar esse título à música. Respondi que não conhecia nem a pessoa nem a obra, e que não ia botar o título de uma coisa de outra pessoa na minha música.
A pessoa podia não gostar. Manoel Barenbein, produtor do disco, adorou e escreveu na lata: Tropicália.
Era provisório, mas ficou lá.
Ana: Mas você não achava bonito o nome Tropicália?
Caetano: Até que é uma palavra bonita. Mas é o nome de uma outra coisa. E depois essa coisa de tropical... Naquela época, queria evitar isso.
Ana: Parece que o termo Tropicália sempre agradou a você mais do que Tropicalismo, não é?
Caetano: É. “ismo” já dá uma idéia meio chata, mas mesmo assim me acostumei depois.
Ana: Que significado da palavra Tropicalismo você percebia e rejeitava?
Caetano: Tropicália parece uma coisa viva, que está acontecendo. Tropicalismo parece uma escola,
um movimento num sentido mais convencional. A palavra Tropicalismo apareceu na imprensa num texto de Nelsinho Motta e noutro de Torquato Neto, parecido com o de Nelsinho. Até hoje acho simpáticos ambos os textos, mas equivocados e ingênuos, tal como achava na época. Eu não sentia tanta atração pela idéia de Tropicalismo, porque botar esse nome parecia que a gente queria fazer um negócio dos trópicos,
no Brasil e do Brasil. Não queria que fosse esse o centro da caracterização do movimento, porque ele queria ser internacionalista e anti-nacionalista. Tendia mais pra o som universal, outro apelido que a gente ouviu e adotou também durante um período, mais pra idéia de aldeia global, de Marshall MacLuhan, muito presente na época. A gente tinha muito interesse nas conquistas espaciais, no rock’n’roll, na música elétrica e eletrônica, enfim, nas vanguardas e na indústria do entretenimento. Tudo isso era vivido como novidade internacional que a gente queria abordar assim desassombradamente. Mas hoje acho que foi o nome mais certo possível.
Ana: Num texto do livro Expresso 2222, Antonio Risério diz que a Tropicália foi básica e essencialmente coisa da cabeça de Caetano. Jamais nenhum tropicalista disse outra coisa. Você concorda, ou isso foi exagero de Risério?
Caetano: Talvez seja um pouco de exagero de Risério. Num dos prefácios da coletânea de poemas de Torquato, organizado por Waly Salomão, Décio Pignatari escreveu que o verdadeiro intelectual do Tropicalismo tinha sido o Torquato. Acho que talvez Risério tivesse dito isso porque não gostou de ver Décio dizer aquilo. Também não gostei. Porque não está certo, quer dizer, seria uma injustiça comigo e com Torquato.
Ana: Então qual teria sido a nascente da Tropicália?
Caetano: Eu diria que é mais o resultado da aproximação das personalidades de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Sem ele eu não faria nem música, quanto mais essa coisa toda dentro da música. Ainda assim, uma vez que eu já estava dentro da música, sobretudo por causa de Gil, só desencadeei esse movimento tão responsável pela questão da música popular no Brasil porque o próprio Gil estava muito excitado pra que algo nesse sentido acontecesse. Dizer que a Tropicália é exclusivamente da minha cabeça peca contra essa verdade.
Leiam na íntegra aqui.
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Alegria, alegria
Veja aqui, letra e vídeo. Que delícia! Para ver o vídeo clique em ouvir nesta página da Terra que você abre aqui.
...
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
Por que não, por que não...
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