domingo, outubro 28, 2007

O meu desencanto na noite de luar





Primeiro domingo depois da viagem. Fiquei triste, vontade de caminhar na orla de Ipanema, nó na garganta. Saudades de meus amigos. Mas, como resolvi que não vou ficar choramingando, fui à praia de Ponta Negra às 3 da tarde.
Caminhei entre latas de cerveja, refrigerantes e cascas de cocos.
A maré estava alta, a areia imunda. No Rio acontece o mesmo, eu sei, mas aqui hoje eu vi tantas, mas tantas prostitutas, e gringos que me deu vontade de sair dali. Havia uma vulgaridade no ar tão grande que me incomodou- uma energia estranha a mim. Quanta gente feia, meu deus! Quanta vulgaridade! Vocês não imaginam o que eu vi, bundas enormes cheias de celulites, saidas de praia de arrastão, biquinis fio dental em corpos feios. Vocês sabem que eu sou tolerante com estas coisas, mas hoje estava demais. Acho que foi o contraste com o que eu via no Rio. Tanta gente bonita lá. Sorry, quem é daqui, mas...foi 'over' hoje.
Fiz a caminhada que gosto de fazer, sentei na areia uns minutos e fui para a livraria que gosto tomar um café- precisava fazer algo mais, algo que me desse prazer. Preciso ir à outras praias( no elevador encontrei duas mocinhas que vinham de Pipa e disseram que lá está o mesmo. Foram à uma boate e tiveram que sair, pelo número excessivo de prostitutas. SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!!, está como aquele trecho daquela boite de Copacabana- 'Help'. Engraçado, é 'Help', mesmo).

Acabo de chegar. Ainda não vejo a lua daqui, hoje nasce mais tarde- está cheia. Ontem estava belíssima, com uma auréola. Mas eu mudei- algo em mim está travado. Vi a lua, mas não me encantou como faz sempre. Na sexta a vi refletida no mar da Praia do Meio, parei o carro uns segundos para olhar, mas não me deixou enamorada. Hoje estava a pensar que seria melhor se não me enamorasse mais, deixasse de sonhar, melhor colocar os dois pés no chão, estudar Lacan, investir no trabalho e nada mais. Eu disse que estou mudando de pele, é isso. Há tristeza em mim, sim, mais pelas mudança, pelo luto em relação ao Rio do que pelo sonho interrompido, o que é também uma mudança interna enorme. Eu tive um sonho, mas eu me enganei. Uma voz firme, me acordou do sonho, eu ouvi um "NÃO" que ecoa em mim e me faz duvidar de tudo o que eu senti antes- é muito estranho o que sinto. Uma hora o "não" deixa de vibrar e a vida continua com ou sem sonho, não é?

Hoje olhava as pessoas na praia e na livraria e pensava que ninguém me interessa. Peguei um livro* de Rubens Figueiredo e comecei a ler.
Na viagem ao Rio, no avião, conversei com a mulher dele, ela revisava um texto na viagem, é revisora de livros, conversamos muito, é muito simpática. Na chegada dividimos um táxi para a zona sul. O nome de Rubens não me era estranho, mas nunca o li. É premiado com prêmio Jabuti de contos e romance. Li os dois primeiros capítulos de um livro* hoje, é muito bom, vão conferir.

Mais tarde, olharei a lua, não sei viver sem a lua. Se um dia eu bater com o carro em noites de lua cheia, vocês já sabem, a culpa foi da lua.

* "Essa maldita farinha", Ed. Record. 1999
Mais Rubens aqui, onde ele comenta sua tradução de Anna Kariênina. Ele traduz escritores russos, deve ser bom tradutor, escreve muito bem.

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