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A partir do momento em que ouviu “Amanhã nos vemos” não ouviu mais nada, sabe que o vôo é à tarde, se referiu a almoçar com alguém. Tudo em volta não importa, urge voltar para casa, cuidar da casa, do corpo.
Procura lembrar a roupa do último encontro, quer que a veja com algo novo, além do cabelo tosado. Ele dirá que sente falta da juba, para se perder nela.
Perdeu mais desde o último beijo, perdeu quilos, os olhos hoje vazios-não o encontra mais no olhar.
Hoje não sente fome, não quer ver ninguém, não abre a porta, faz de conta que não está.
Vê o táxi chegando, vislumbra a cabeça mais branca, a barba aparada recentemente, o andar mais lento. Sufoca o choro, corre para a porta.
Sabe que ao abrir beijará o sorriso, sentirá seus braços- ninho- desejará parar o tempo, uma lágrima deslizará no seu rosto sem que ele perceba.
Vem tímido. Não poderá mais fugir.
Suas mãos, conchas, acolherão seus seios, sua boca a decifrará inteira, seu sexo morno inundará seu corpo árido.
Silêncio. Trégua.
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