segunda-feira, agosto 07, 2006
Amor? que farsa!!!!
Ontem o Café Filosófico acabou com este poema abaixo de F. Pessoa.
Eu não sou boa poeta, não finjo a dor que deveras sinto, eu sinto dor e tento exorcizar.
O convidado especial era o Gerald Thomas, desencantado com o amor, confuso. Contardo Calligaris colocava ordem no que Thomas dizia. Tudo que disse de forma confusa é verdadeiro- tudo é ilusão no amor, nos empolgamos e acreditamos estar apaixonados, quando estamos enamorados por nós mesmos- disse coisa parecida- citou Fausto de Goethe, como o amor no teatro- era o tema do dia. fazemos de conta que amamos, acreditamos nesta grande farsa. Não acredita no amor de Romeu e Julieta- acha que era só tesão- pode ser, por que não? Ah! este Thomas, sempre vindo para causar discussões. Mas, cá entre nós, dois jovencitos como Romeu e Julieta poderiam dizer que estavam realmente tenho uma relação de amor?Ah, sim, é claro, é sempre uma ilusão. Nos enamoramos por aquilo que o outro vê em nós, é uma relação especular maravilhosa. Bom, e Werther? uma viagem longa e solitária- verdade.
Mas ele, Thomas diz que acredita em Simone e Sartre, em Hanna Arendt, judia, que amou o filósofo Martin Heidegger cedeu ao nazismo. Que mistério existe ai? amor?
Eu acredito em amor, acho que quando amamos uma pessoa, por mais que seja ilusório, este sentimento nos impregna, nos move, e isto o que é? esta pessoa passa a fazer parte de nossa vida. Há amores que duram uma vida toda, são nossas referências... Será que deixam de ser ilusões? não creio. Nos apegamos a estas ilusões, não queremos largar, é um luto insuportável.
O que é viver senão uma grande ilusão? e viver sem amor é tão sem graça, não acham? mas, às vezes dói tanto que é preferível se afastar e deixar que vá se desbotando até acreditarmos que não existe mais. Existiria ainda, mesmo na sombra? seria amor?
E como Conrado diz no final, mesmo sendo uma ilusão, isto não diminui em nada o valor do amor.
Entonces, amem.
Autopsicografia
Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário