quarta-feira, maio 10, 2006

Sábado no ônibus.


Sábado no ônibus II.


Entrou no ônibus com dificuldade, o motorista olhou enviesado.
Não havia onde sentar, ficou em pé, a mão engessada mal tocava a barra, parecia sentir dor. Era preciso se equilibrar.
Olhava para baixo. Todos fingiam não ver, olhavam para fora, exceto eu que olhava naturalmente, afinal quase encostava no meu braço. Pensei em lhe dar o lugar, me vi ali em pé, machucada, ignorada depois de uma noite num corredor de hospital. Eu o via através daquela roupa suja de sangue que fedia. Não me levantei, acho que ele sentiria mais vergonha se lhe cedesse o lugar.
Desci algumas quadras adiante.



Sábado no onibus I.


Entrei no ônibus com dificuldade, o motorista me olhou enviesado.
Não havia onde sentar, a mão engessada doía, o braço onde fui furado, doía. Era preciso me equilibrar na barra.
Senti o olhar de uma mulher. Senti vergonha, queria me esconder. Todos fingiam não me ver, exceto a mulher que olhava discretamente. Ouve um momento que senti que ela ia levantar, me dar o lugar, talvez me visse como filho, talvez me visse através daquela roupa suja de sangue que fedia, mas ela não levantou, ainda bem, eu sentiria mais vergonha.


PS: Qual voces preferem? prefiro o II

Nenhum comentário: