domingo, abril 09, 2006
Mini conto Atrás, na nuca.
Sabia que ele sairia do escritório lá pelas sete horas, nunca depois de sete e quinze.
Passou o dia pensando em vê-lo, não suportava mais o silêncio, há dias ele não quer falar com ela, não atende o telefone.
Já fez isto antes, encontrá-lo na saída, para darem um passeio, sentarem num bar qualquer.
Colocou o vestido preto que ele mais gosta, as meias pretas de sempre, um salto mais alto. Perfumou a nuca com o seu perfume preferido. Olhou-se no espelho, estava bonita, os olhos pintados de negro- kajal negro.
Chegou antes da hora, encostou-se num carro estacionado um pouco à frente e esperou.
Olhava o relógio insistentemente, não era possível que se atrasasse tanto, ele nunca atrasa... mas ele não saia, sentia-se tonta de tanto olhar.
A rua foi ficando vazia, as pessoas rapidamente se dispersavam- o centro da cidade fica deserto à partir de certa hora- começou a ficar com medo. Foi até a portaria e perguntou ao porteiro se viu o doutor sair. Não, ele não o via há dias. Um calafrio a percorreu, sentiu frio no estomago, angústia.
O que teria acontecido? Ele era tão previsível, não gostava de viajar, nem de mudanças.
Chorava no táxi de volta para casa, não ousava ir até à casa dele, temia o que encontrar.
Dias depois um amigo comum lhe conta que ele partiu para outra cidade.
Ela não tira mais o preto, nem sai mais às ruas.
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