terça-feira, março 07, 2006

Mini conto. O enforcado.



















O enforcado
.



O descobriu ao acaso, clicando no mundo virtual, gostou do que ele dizia, encontrou afinidades, parecia magia, ela pensava. Passou a visitá-lo várias vezes ao dia, acreditava que tudo que ele dizia era endereçado para ela, sentia-se menos só, acordava cedo para ler o que ele tinha para dizer naquele dia.
Vigiava suas amigas nas caixas de comentários, sentia ciúmes das mais íntimas, implicava, ficava feliz quando ele ia até ela e deixava uma frase curta: “Muito bom seu conto”, ‘Homem é assim’, pensava.
Transbordante de amor, confessou o inconfessável. Ele não disse nada, mas sabia que havia lido, dois dias depois disse que não estranhasse o seu silêncio, mas que lia tudo que ela mandava.
Depois veio um silêncio mortal, começou a fantasiar que ele podia estar doente, uma cirurgia talvez e veio o medo de perdê-lo.
Está vivo, voltou para dizer que não espere nada dele, que está equivocada.

Desde aquela manhã sente tonturas ao acordar, ainda vai até ele ler o que diz, mas agora tem certeza que não escreve para ela.
Jogou fora o 'Tarot'. A última carta que tirou foi 'O enforcado', o equívoco.

Nenhum comentário: