domingo, março 05, 2006
Domingo é dia de praia. Arquivo, março/05.
Domingo é dia de praia.
Para Maísa, minha ex companheira de praia, hoje paulistana, e Marilda, que já nos deixou para sempre, minha querida amiga que durante os anos de PUC me fez companhia na praia, se tivesse sol e não tivesse aula, lá estava ela me esperando na areia. Tenho saudades.
Domingo é dia de praia.
Domingo é dia de praia, para todos os cariocas, não há domingo que se preze sem ida à praia. Vocês que moram no frio que me desculpem, mas domingo sem praia é como abacaxi sem coroa. Pois é, mas a praia da minha vida está longe. Ipanema, que saudades...
Domingo de sol em Ipanema é uma festa, ‘happening’, você encontra amigos, conhecidos, ex -clientes, ex-colegas de faculdade, artistas de todas as artes, tem gente andando de bicicleta, de patins, de skate, tem muita gente bonita, gente feia, gente colorida, gente desbotada, vendedores de sorvete, refrigerantes, cerveja, Biscoito Globo - uma delícia feita de polvilho só encontrada no Rio-além de músicos diversos, se você tiver sorte assiste um grupo de jazz, ou um show de Nana Caymmi no Arpoador. Tudo isto nesta feira maravilhosa na Avenida Vieira Souto, que fica fechada para trânsito nos domingos.
Houve um projeto para chamá-la de Tom Jobim, quando o Tom morreu, homenagem justíssima, mas a família do Vieira Souto chiou, Tom virou aeroporto, mas a famosa Rua Montenegro passou a se chamar Rua Vinicius de Moraes logo depois que o Vinicius morreu, não sem antes ter uma pendenga, o tal do Montenegro era genro de um Barão, também...genro de barão nem barão é...
Domingo de sol em Ipanema é alegria de papo furado, jornal lido na areia, muita água mineral ou mate gelado que carioca adora, ‘Mate Leão’ com limão ou sem limão- "Olha o mate, olha o Mate Leão", conversas entrecruzadas... "Isto é uma promiscuidade", disse minha mãe quando passou por lá chegando de São Paulo. Para quem gosta de ouvir a conversa dos outros é prato cheio, todos chegam contando como foi o sábado, e dependendo do programa, a conversa é quente.
Domingo é dia de voley e carioca zona sul joga voley, futvoley, frescobol ou faz cooper, nada de tênis ou outro esporte mais sofisticado, a praia é o terreno perfeito para estes esportes. Mas quem não joga se aborrece, precisa ficar desviando das bolas, um saco, mas é bom não perder o bom humor, tudo se resolve com um: "Por favor, vão jogar mais pra lá um pouquinho" e um sorriso.
Domingo é dia de ‘footing’ na praia, caminhar até o Arpoador ou Leblon é lei, só não vai quem é doente da cabeça ou do pé, nestas caminhadas você encontra todos os conhecidos que ficam em outros lugares. Ah, tem este detalhe, a praia é dividida por tribos ou grupos diversos: tem a praia dos gays- "Vale das Bonecas"- das patricinhas- praia da Garcia d' Ávila, dos famosos, artistas e afins- Posto Nove- aqui a maconha rola solta, tem o lugar das moças que ganham a vida com os turistas, dos metidos à besta- em frente ao Country, e assim vai...
A praia para o carioca é a extensão da casa dele, ali se faz vendas, contatos sociais, profissionais, encontros amorosos (tem o “teste da praia”, extremamente machista e antigo, você conhece alguém, mas é na praia que vai vê-lo na real, como dizem. E o sol não perdoa)...
Carioca sabe usar a praia como ninguém, se não levou cadeira, improvisa um encosto com a areia, se não tem guarda-sol usa o do vizinho, e aproveita para bater papo com a turma do lado, se não levou toalha - ninguém leva- nem canga, senta na camisa, e todo carioca que se preza conhece o vento do dia, e não joga areia no vizinho, se alguém te jogar areia sacudindo a roupa, esteja certo, não é do pedaço. As moçoilas gostam de sacudir sensualmente os cabelos molhados, então não se surpreenda se sentir “chuvisco” de repente, há um bela jovem atrás de você, com certeza. Se você vir alguém chegar todo vestido, se desvencilhar rapidamente da roupa, dar um mergulho, secar ao sol, vestir-se novamente, esteja certo, é um carioca que foi dar um mergulho e voltará para o trabalho, só carioca agüenta se vestir salgado.
Carioca fica na praia até o anoitecer, lá por seis da tarde, sete, e quando o pôr do sol é fantástico, todos aplaudem.
Depois da praia tem o encontro obrigatório em algum bar para um chope, e um almoço ajantarado, que ninguém é de ferro e agüenta aquele sol todo só com mate e ‘Biscoito Globo’, ou sanduíche de lingüiça do Posto Nove.
Aí você pensa que acabou o domingo, não, ainda tem o cineminha, se você não foi na véspera, domingo é dia de cinema também.
Cansei, praia cansa.
Vocês conhecem o Biscoito Globo? ai que saudades... é uma delícia! até em engarrafamento no Rio tem Biscoito 'Grobo' para vender.
Sobre o design do Biscoito Globo, entre aqui, é interessante.
Entrem aqui
e vejam as imagens do fim de praia em Copacabana nesta linda crônica visual do Jôka.
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2 comentários:
laura,
que foto linda,
que crônica linda.
puxa vida.
certas pessoas (voce inclusa) tem a capacidade de criar cenários táo reais que parece que a gente estava lá.
eu, por exemplo.
eu tenho quase certeza que fui na praia hoje.
(logo eu, paulista, que fico pouquissimo a vontade sem roupa!)
beijo!
hahahha
Franka e Denise, adorei saber que estão gostando, estou feliz por saber que este espaço me trará novas amigas, ando muito só aqui, é uma das razões de ter feito o blog, trocar figurinhas com as pessoas.
Um abraço, Laura.
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