sexta-feira, dezembro 30, 2005

Conto de Natal.












Michal Zaborowski


Natal na Vila.



O silêncio tão desejado pesa. Os vizinhos saem com as crianças para longos dez dias de férias, apenas ela fica na Vila. O irmão perguntou se queria viajar, já conhecia a resposta, difícil ela sair, ainda mais nestes dias. Depois da morte da mãe, nem ceia não faz, apenas um panettone, um presunto assado e frutas do mercado da esquina, varia as frutas, afinal é dia de festa. O presunto assa com cuidado, regando para não ficar ressecado.

Não sente falta da ceia, antes ficava mal humorada, agora não, não precisa mais fazer de conta.

Gosta de estar só, não gosta da falta dos ruídos familiares, os pássaros sumiram por causa da chuva, a praça fica vazia, o povo desaparece como mágica. Dia 25 então é pior, ninguém nas ruas, todos em casa com a família. Quando a mãe era viva, iam até a praia dar uma volta, levava a mãe para caminhar, ela com as pernas inchadas de tanto ficar em pé na véspera caminhava lentamente, sentavam num banco da praia a olhar o mar.

Não tem saudades, fica com raiva quando se vê como a mãe, azeda, apenas lembra.

Amanhã, já decidiu, fará diferente, vai vestir a roupa que fez pelo Natal, pegará um ônibus e fará um longo passeio pela cidade.

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