O doutor assessor
O pai morreu quando ele tinha sete anos, a mãe sem recursos para sustentar quatro filhos mandou-o para um seminário, lá teria estudo e não passaria privações, os outros ficaram com ela.
No seminário os filhos da elite aprendiam latim e grego, ele aprendeu a jogar, cozinhar, cozer, marcenaria, usava ferramentas com familiaridade.
Aos dezessete, dez anos de seminário, conheceu uma mulher na cama e desistiu do celibato.
Na cidade grande conheceu artistas, políticos, boêmios. Bonito e garboso, logo se tornou o braço direito de um deputado e assessor parlamentar.
Ia para Brasília às terças- feiras e voltava às quintas, passou a ser exigente em casa, desde o café da manhã até a ceia da madrugada, não podia faltar nada do que ele estava acostumado nos hotéis onde se hospedava.
O amor dela balançou, não adiantavam as rosas vermelhas, nem as declarações de amor noturnas, queria sossego e com o doutor Assessor era impossível.
Um dia chegou mais cedo de Brasília e ficou furioso porque ela ainda trabalhava, trabalhar para quê? ele a sustentaria...
Furioso foi buscá-la no trabalho, no carro em alta velocidade assustou-a, ela decidiu ali que não queria morrer nem a ele.
Tentou conversar, convencê-lo à separação, não conseguiu. Esperou passar o Natal, o Ano Novo- ele era sozinho- no começo do ano voltou a falar que queria separar-se, nada, ele não aceitava, dizia que a amava e a queria. Passou a ficar desconfiado, achava que ela arranjara outro, como não o queria mais? um homem bonito, forte, trabalhador, que só queria o bem dela...
Ela chorou muito em silêncio e um dia decidida quando ele voltou de Brasília ela não estava mais lá, foi embora sem deixar endereço.
Ele não esquecerá aquela quinta- feira, desta vez havia trazido uma corbeille para ela, uma corbeille maravilhosa. Chegou tarde.
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