sexta-feira, julho 15, 2005

Paixões II.


Amores loucos Posted by Picasa

“Paixões” não é um livro especial, leio por curiosidade, mas me incomoda um pouco, parece que estou invadindo a privacidade das pessoas, e é um pouco esta a intenção, mesmo que estejam quase todos já do outro lado. Já disse que me sinto assim aqui no mundo virtual. Uma vez entrei num site extremamente pessoal sem querer seguindo um link que um blogueiro famoso colocou, e encontrei uma janela de um casal de lésbicas, que festejavam o aniversário da marida, juro que eu não tenho nada contra, achei ótimo que sejam abertas, mas eu não voltei mais, era uma espécie de álbum de família. A moça é uma excelente poeta que eu visito para ler de vez em quando.
Li até agora só paixões desesperadas, destrutivas.
Li ontem as histórias de Leon e Sônia Tolstói, John e Yoko Ono.
Tolstói foi um sujeito extremamente grosseiro, contraditório, anjo e demônio, o genial escritor era um homem brutal. Conheceu Sonia quando tinha 34 anos, ela 18 e como ele não sabia esperar casaram-se às pressas, sete dias depois de pedi-la em casamento, dispensou enxoval, tudo. Ele um conde, tinha muitas terras, ela filha de um médico simples.
Tolstói era loucamente apaixonado por ela, sexualmente exagerado, "Sonia dava sexo para ter amor, ele dava amor para ter sexo", aliás, até hoje isto não mudou muito entre homens e mulheres. Engravidou 16 vezes, sobreviveram 13 filhos, 4 morreram antes dos 8 anos, que tristeza.
A primeira coisa que Leon fez ao casar foi fazê-la ler o seu diário onde contava com pormenores suas aventuras amorosas. Crueldade pura. Era uma mulher muito jovem, mas inteligente, o ajudava, copiando seus textos, imaginem o trabalho de copiar “Ana Karenina” e “Guerra e paz”, ufa.
A história é terrível e termina muito mal, ela enlouquece, é traída, repudiada até pelos filhos, um drama horroroso. Depois da morte dele, recuperou a saúde mental, administrou as terras, ganhou na justiça a posse dos papéis que ele deixara com Tchértkov, outra figura estranha que eu nem imaginava, mas é outra história.
Quando morreu não foi colocada no túmulo com o marido, os filhos não deixaram, que horror!
John Lennon e Yoko Ono, todos nós já conhecemos um pouco, sabemos da antipatia que o mundo sente pela Yoko, deve haver razão, Truman Capote disse que foi a pessoa mais desagradável que ele conheceu, imaginem...Viviam uma relação muito louca, se drogavam muito, intercalavam períodos de relativa tranqüilidade com períodos de extremo desequilíbrio. O que me surpreendeu, não sabia, é que John era um sujeito muito violento, agressivo. Uma vez quebrou não sei quantos ossos de um sujeito que lhe fez uma pergunta inconveniente. Foi uma criança abandonada, mal conviveu com o pai e a mãe o deixou com uma tia rígida, foi atrás de um homem, teve outros filhos, mal via o filho, aos 17 anos John já era alcoólatra, se enchia de LSD e os anos que passou mais tranqüilo foram os que esteve tão drogado que vivia dopado. Teve um período de tanta loucura que acreditou ser Jesus Cristo, reuniu os Beatles para que comunicassem ao mundo a descoberta, ninguém o contestou na hora, tinham medo dele. A resto todos sabem, no final da vida esteve separado de Yoko e feliz com May Pang , mas Yoko conseguiu se aproximar novamente e todos sabemos o final da história. A autora diz que Lennon passou a vida buscando autenticidade, eu diria que passou a vida tentando tapar com drogas o rombo que a falta do amor dos pais fez.
Seriam todos os gênios loucos? Destrutivos?
Seriam todos os loucos gênios?

Nenhum comentário: