quinta-feira, junho 23, 2005
Meu amigo chileno.
Las Galeras.
Sonhei de segunda para terça que Patrício chegava, eu tinha que sair e o deixava em casa, no dia seguinte de manhã ao acordar o encontro pronto para ir embora, fico desolada e digo: “mas se eu soubesse que tinha que partir hoje não tinha saído ontem...” e choro no sonho. Ao acordar abro meu Outlook e tem um email do Patrício, coisa rara. Ontem o telefone tocou às onze e meia da noite, ninguém me liga, muito menos a esta hora, era Patrício, estava com saudades. Estamos afinados apesar da distância.
Conheci Patrício na década de 80 na praia de Ipanema. Como já contei aqui a Praia é uma festa, todos se conhecem, se falam, só não participa quem não quer, é um espaço super democrático. Patrício é chileno e morava no Brasil há anos, arquiteto, é uma das pessoas com mais bom gosto que conheço. Morava em Ipanema, muito perto de mim. O apartamento era num prédio antigo, sem elevador, morava no quarto andar, vizinho de uma aeromoça muito simpática. Quando você entrava sentia o clima de cultura que existia, tudo era simples e sofisticado, clean, termo que não se usava na época. Ele tinha quadros iluminados por spots, um belo busto de uma mulher ficava estrategicamente atrás do sofá enorme e bonito. Na estante de vidro havia objetos, poucos, o som que era fantástico, ouvia-se muita música americana de boa qualidade, música clássica, jazz, eu adorava. Fazia um drink de vodka com suco de laranja, Hi-Fi, hummm... Na época trabalhava no Shopping da Gávea com um arquiteto de nome russo que era casado com uma mulher fresquíssima,(ela fazia festa no dia do aniversário do cachorro), eles faziam saunas nas casas dos milionários do Rio, saunas em Angra dos Reis, Búzios, Barra da Tijuca, tudo era novidade, vi fotos de saunas chiquérrimas, com iluminação embutida, muitas junto de piscinas fantásticas, aquelas coisas que só se vê em filmes. Depois ele passou a fazer casas em Búzios, casas muito lindas, com muita madeira, tudo calculado para que fique esteticamente perfeito. Ele sonha em voltar para Búzios, tem um terreno lá, ah, Patricio eu também adoro Búzios, ou adorava, dizem que está muito diferente.
Uma vez fomos passar uns dias em Cabo Frio na casa da minha mãe que estava recem separada do meu pai e vivendo em São Paulo, apareceu por lá o Leon, um ex analista meu- tenho vários ex analistas, não se espantem- com os dois filhos, um adolescente, muito antipático, que hoje trabalha com cinema,( vejo o nome dele ligado a som), o garoto tinha 12 anos e lia o tempo todo, até na praia, lia algo extremamente complicado para ele, que agora não lembro. Jogamos muito Palavras Cruzadas e Leon, que é um erudito, ganhava todas, eu estava acostumada a ganhar na família, com ele não tive chance. Leon é o cara mais formal que conheço, distante, mas foi muito agradável o convivio naqueles dias, fizemos faxina na casa que andava abandonada, fomos passear. Leon é um intelectual, lê até caminhando na rua, uma figura, eu o encontrava em Ipanema, no Fazendola, ele sempre lendo, acho que é uma forma de dizer:" e dai?" para os outros, não é?
Um dia Patricio disse que ia embora para o Caribe. Mas Caribe? Por que Caribe? Até hoje não sei direito, um amigo dele foi, outro iria, descobriram o Caribe. Patrício foi e ficou, os amigos voltaram.
Casou com uma francesa e anos depois se machucou, construiu muitas casas lindas para os italianos que andam por lá. Casou de novo desta vez com uma espanhola, e está muito feliz fazendo uma casa maior para eles na praia de Las Galeras em Santo Domingo. Lá como vocês sabem passam muitos furacões, todas as vezes que furacões são anunciados eu fico aflita pensando nele, esperando noticias, mas como ele viveu no Chile onde havia terremoto, os furacões não o assustam tanto, têm recursos para se defender, deste a construção das casas até abrigos anti furacão, eu teria medo. Ui, que meda...E sabem que ainda não fui lá conhecer, falta grana, infelizmente.
“Vivemos com saudades”, ele disse ontem, quer saber como estão meus meninos que hoje estão quase homens, quer saber como cheguei ao blog, lê meu blog, acha bonito, leve, e eu não sabia...Adora lembrar do Brasil através de mim, por isso eu hoje fiz este post.
Esqueci de dizer que Patrício, deixou a família no Chile para trás durante muitos anos e agora se reaproxima, e que a família brasileira dele é a minha. Estes encontros especiais me fazem mais feliz. Seja feliz, meu querido!
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