Eu a conheci no restaurante Natural, usava roupas extravagantes, jaquetas incrementadas, veludo no calor. Era bonita, elegante, e falava pouco- ou nada.
Diziam que viveu fora, que foi famosa, era musicista-cantora-compositora e foi casada com Marcos Valle- soube hoje que teve filhos. lembro que nós a conhecíamos por outro nome, Oriana.
Mais tarde passou a andar de biquíni rosa e sombrinha da mesma cor. Andarilha, percorria Ipanema inteira. Eu a via, então, nos dias frios na calçada à beira mar.
Sempre me comoveu.
Passou a andar de branco.
Um dia no restaurante árabe da Tekla, na rua Vinícius de Moraes, ela estava com um senhor- o pai- um radialista famoso (eu não o conhecia, não sei nada de rádio) e conversamos- ela falava pouco, mas sorria gentil e me pareceu lúcida. O pai era muito amoroso com ela.
Estranha escolha de Oriana- Ana Maria. O que teria a levado a se fechar para os outros, mesmo circulando entre tantos?
Eu entendo a mulher de branco de Ipanema. O meu fantasma vaga por lá. O que teria eu deixado ali, que me faz compreender a outra que é presa à paisagem que ama? É como se ela precisava percorrer todos os lugares para garantir sua sobrevivência. Algumas vezes eu me vejo no mesmo caminho, na orla de Ipanema. Deixei no Rio o sonho de amor. Teria ela também se abandonado por amor? É o que dizem, não sei...
Diáfana e sonhadora segue Ana Maria. Vive a percorrer as ruas de seu sonho.
Que sonhos invadem a figura quixotesca de Ana Maria?
Daqui a foto.
Publicado aqui em julho de 2010.
Um comentário:
Postar um comentário