segunda-feira, outubro 09, 2006
Um fim de semana na Praia de Ponta Negra.
Fim de semana atípico, completamente.
Os meninos passaram os dois dias numa festa ‘Saga’, tem a ver com desenho japonês, Anime, estas coisas. Dan foi fantasiado, até o cabelo mudou um pouco a cor para fazer o personagem. Há prêmios.
Fiquei só e resolvi ir à praia ontem pela manhã-nunca vou, só quando estou de férias em outra praia.
Gente de todo tipo, gringos italianos, nórdicos, nordestinos...
Me comovem os vendedores ambulantes, aquelas figuras que passam o dia sob o sol, empurrando carrinhos, tentando vender algo, servindo cervejas.
Hoje fui novamente e revi uma menina, de uns 13 anos, que vendia óculos ontem, senti pena, se recostou numa espreguiçadeira para tomar um caldo de feijão-era mais de 4 hs da tarde, perguntei se vendeu estes dias, ‘não’, ela me respondeu, numa expressão triste, não disse mais nada, a cara era de pouco papo. Fiquei em silêncio, o gringo (holandês) que estava próximo observou e me olhou mostrando que entendia o sofrimento dela.
É baixa temporada.
Há de tudo à venda, desde caldo de feijão, de peixe (vendidos em garrafas térmicas), até vestidos tipo indianos(hippies) Uma velha de lenço lilás na cabeça e óculos escuros de gatinha, escuros, tenta ler cartas, homem de perna da pau pedindo dinheiro- pede há anos. Cavalos para passeios...Pode? pode.
Não quis saber a minha sorte, ando incrédula.
Um refrigerante 'light' custa dois reais, mas a água de coco custa cinqüenta centavos.
E como as pessoas comem e bebem cerveja na praia! Eu me sinto peixe fora d’água, não gosto de comer fora de hora, comer por comer, fico só recusando, mas comi ostras deliciosas- um real cada.
Ontem sentei com uma budista, amiga de minha amiga Jô. Hoje estive só o tempo todo, deu uma sensação de "déjà vu" , nos últimos anos de Rio de Janeiro eu não encontrava mais as amigas, cada uma havia ido para um canto e 'gente fina' não vai à praia nos domingos em Ipanema- estou exagerando um pouco, vocês sabem.
Aqui há o mesmo que no Rio, quanto à freqüência, no canto do Morro de Careca, onde há uma enseada, vão os da terra e os que já se integraram à terrinha, os alternativos, mais despojados. Mais para a frente ficam os italianos e as morenas, ali rola um clima de paquera, rola o maior clima sensual, parece festa, há alegria no ar. Adiante estão os mais frescos, os turistas nórdicos, os surfistas, os professores universitários. Mas os metidos não vão nunca, aqueles que têm o nariz empinado- estes só freqüentam a praia no verão e nas casas de praia- como os cariocas que ficavam em frente ao Country ou praias particulares e só vão à praia em Angra, aquele tipo.
Andei por uma rua paralela ao mar, um trecho enorme, eu não sabia onde ficar, e vi dezenas de hotéis, muitos, é impressionante. Vocês sabem que eu não saio quase aqui. Hoje fui de manhã e voltei à tarde, fiquei até o por do sol. Ao entardecer vi, no lugar mais sofisticado, em frente aos hotéis, alguns casais de meia idade, caminhando, arrumadinhos, num clima legal, pensei que não sei o que é isto, envelhecer junto- podem dizer os que me conhecem, que eu não quis, é vero de um ponto de vista, há outros:) tudo pode ter muitas leituras.
Agora a lua está no céu poderosa.
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