segunda-feira, outubro 02, 2006
"Não se apaixone!" Revisto.
Salvador Dali e Gala.
Sábado à caminho da II Jornada da Delegação R.N. da Escola Brasileira de Psicanálise vi o mar do alto, pensei que deveria ver mais o mar-tão lindo, sempre.
Ouvi lacanês (Lacan) estes dias. É preciso prestar atenção, é preciso estar aberta, é preciso dar desconto aos exageros, ainda não estou acostumada. Lacanianos me inibem.
Na sexta teve uma conferência de abertura, "Não se apaixone!” 'A histeria contemporânea e o declínio do viril' de L. Guimarães.
Difícil falar sobre, porque dá vontade de contar tudo o que eu lembro. Fala das relações atuais, da mulher moderna-"multimídia", super eficiente que tolhe, castra, o homem com sua fala mortal- ou seria mortífera? O imperativo seria este: "Não se apaixone!" Mulheres estariam fugindo do enamoramento, vivendo relações fugazes.
A conferencista foi a psicanalista baiana, convidada especial, L. Guimarães, muito simpática e inteligente, ela até o fim da Jornada deu alinhavadas nos textos, o que foi muito bom e fechou com chave de ouro dando um supervisão de caso muito rica.
Ela citou "Amores líquidos" de Sygmund Bauman aqui você acham.
Foi interessante, o tema "Nós do amor" é, vocês sabem, assunto que gosto. O amor na literatura, na psicose, no cinema e a apresentação de casos clínicos. Foi muito bom, fiquei impressionada com a consistência dos trabalhos, todas tinham muito a dizer. Ouvir falarem de personagens de Shakespeare , Machado de Assis e Guimarães Rosa é no mínimo interessante. Ouvir falar de Riobaldo e Diadorim foi muito bom, eu não li "Grandes sertões, veredas" fiquei com vontade de ler- foi a primeira vez que ouvi alguém falar de Guimarães Rosa e me instigar, porque a complexidade, os neologismos, não me atraiam( eu não sou perfeita:)). Falaram também de Joyce e Nora (mulher dele), de como a escrita de Joyce está entrelaçada com a mulher que ama. "Bloomsday"(dia 16 junho que é celebrado no mundo todo por leitores amantes de Joyce) foi o dia em que ele e Nora se encontraram pela primeira vez, ele teria mais tarde dito: "Você fez de mim um homem". Bonito, não é?
E Dali teria dito de Gala:
“Gala trouxe-me, no verdadeiro sentido da palavra, a ordem que faltava à minha vida.
Eu existia apenas num saco cheio de buracos, mole e delicado, sempre à procura de uma muleta. Ao juntar-me a Gala encontrei uma coluna vertebral e, ao fazer amor com ela, preenchi a minha pele. Ao assinar os meus quadros Gala-Dali não fiz mais do que dar um nome a uma verdade existencial, visto que sem o meu gêmeo Gala não existiria de modo algum.”
Foi citado na Jornada, achei aqui.
Este trabalho sobre Joyce e Schreber(caso estudado por freud de paranóia) é de uma carioca que mora aqui e de uma ex-professora minha lá do Rio, S. Jimenez, uma daquelas argentinas que chegaram ao Brasil trazendo Lacan, (falava-se pouco nele em 70, início de 80 no Rio de Janeiro-a figura mais conhecida era Magno, que se fantasiava de Lacan, o que não ajudou muito na divulgação da teoria ), pensei que fosse encontrá-la aqui, mas é citada apenas.
O filme de Lars von Tries "Ondas do destino", que foi analisado, deve ser bastante interessante, não vi, aqui em Natal soube que não existe.
"Fale com ela", também analisado já foi bastante discutido no nosso meio, é imperdível e fascinante.
No final a psicanalista convidada, perguntou por que ele teria começado e acabado o filme com Pina Bausch (Caffe Muller), leiam aqui um post que eu fiz sobre ela. Eu já havia lido este texto Silvia Loeb, psicanalista, há alguns anos, quando o filme saiu. Ela diz coisas interessantes sobre o filme. Leiam aqui.
De acordo com Silvia Loeb, "essa linda mulher em coma", encanta por realizar "um dos sonhos mais secretos do homem: o de ter uma mulher absolutamente à sua mercê". O filme seria" uma ode à vida quando recoloca frente a frente um homem e uma mulher recomeçando uma vez mais e sempre, a recriação do mundo". Mas leiam o texto dela que vale a pena.
Foi uma bela Jornada. Valeu a pena.
Ontem, domingo, voltei à praia para ver o mar, caminhei na areia com as sandálias na mão, é tão bom o mar...
PS: Esta foto de Gala lembra muito Ana Maria Magalhães, quem a viu no cinema, deve lembrar, viram "Como era gostoso o meu francês?" ótimo filme. Pena que sumiu, acho que dirige agora, eu a via na rua lá perto de casa, acho que era amiga de Mario Carneiro que era meu vizinho, eu cruzava com ela sempre.
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